"Chegou a hora de uma mulher vestir as calças", afirmou Leonor Perez, de 74 anos, após votar na democrata Hillary Clinton num centro perto de Miami. Nem todos compartilham sua opinião na Flórida, onde o desafio é claro: o "Sunshine State" pode decidir a eleição presidencial americana.
[SAIBAMAIS]Nascido na mesma cidade de Hialeah onde votou a senhora, Peter Fernandez escolheu Donald Trump. "Eu aprecio o que ele pode fazer, a sua política de migração e coisas assim", diz sobre o programa do candidato republicano, que prometeu construir um muro na fronteira com o México.
"Eu não sei muitas coisas, eu não estudei muito. Mas ele diz o que pensa, não tem medo de dizer coisas que podem incomodar alguns", afirma o jovem de 21 anos, que trabalha lavando pratos em um restaurante.
Do outro lado da Flórida, filas se formaram na abertura das assembleias de voto às 7h00 (10h00 de Brasília). Mas cerca de 6,5 milhões de eleitores, dos 14 milhões registrados, já tinham votado, aproveitando as duas semanas de votação antecipada neste estado do sudeste dos Estados Unidos.
Muitos esperavam assim evitar as longas filas das eleições anteriores. Outros estavam apenas ansiosos para votar depois de meses de intensa campanha.
Voto antecipado acirrado
"Eu gostaria de poder votar com antecedência e muitas vezes nela", afirmou Annette Katz sobre Hillary Clinton, distribuindo material de campanha de um candidato ao cargo de deputado por Miami, também disputado nesta terça-feira.
Durante a votação antecipada, os democratas votaram em número ligeiramente maior, com 2,59 milhões contra 2,50 milhões de votos para os republicanos declarados, de acordo com a comissão eleitoral. Cerca de 1,4 milhão de outros eleitores não eram afiliados a qualquer partido.
Famoso em todo o mundo pela recontagem controversa de 2000, quando 537 votos deram vitória a George W. Bush contra Al Gore, o estado da Flórida tenta, desde então, remediar os problemas técnicos da época, relacionados aos boletins de voto que deveriam ser perfurados.
Desta vez, trata-se de grandes folhas de papel onde os eleitores são convidados a circular a sua escolha antes de escanear.
Uma máquina registrava problemas na abertura da votação no subúrbio de Palmetto Bay, perto de Miami, antes de ser reparada pela manhã.
;Responsabilidade;
"Uma máquina não conseguia escanear o boletim e um homem começou a gritar com o chefe da sessão eleitoral", testemunhou Veronica, que não quis dar seu sobrenome. Ela veio para votar com o marido e suas duas filhas de seis e quatro anos vestidas com as cores da América, com saias azuis decoradas com estrelas de prata e tops vermelho e branco.
"Minhas meninas conseguiram me ver votar. Esta é uma eleição histórica", disse ela.
Perto deles, outros eleitores colavam em suas camisas adesivos "I voted" ("Eu votei") com as cores da bandeira americana.
As minorias se expressaram em número superior durante a votação antecipada em relação a 2012, os eleitores hispânicos (%2b 87%) e negros ( 9%) poderiam balançar a eleição em favor da candidata democrata, de acordo com os últimos dados de Daniel Smith, professor da Universidade da Flórida.
Em um local de votação em Little Havana, bairro historicamente cubano e turístico de Miami, cerca de trinta pessoas, a maioria hispânicos, esperavam para votar.
Para esta eleição, Norma Carcamo, uma garçonete de 58 anos, sentiu pela primeira vez que tinha "uma responsabilidade".
"Trump é um homem de negócios, ele não sabe nada sobre política, ele é racista, é contra a imigração ou os latinos que construíram este país", disse ela. "Hillary tem uma experiência mais política, devemos dar-lhe uma chance."
Por France Presse