postado em 09/11/2016 15:23
Jerusalém, Undefined - A direita no poder em Israel se precipitou nesta quarta-feira para felicitar a vitória de Donald Trump à presidência americana, que ela vê como uma formidável oportunidade, com um ministro considerando até mesmo a morte da ideia de um Estado palestino.
A Autoridade Palestina, com sede na Cisjordânia ocupada por Israel, contentou-se a felicitar o vencedor e exortar, sem o menor entusiasmo, que realize a histórica aspiração palestina a um Estado independente.
Os palestinos têm razão para se preocupar, embora, segundo analistas, as verdadeiras intenções de Trump diante de um dos conflitos mais antigos do mundo são obscuras.
Depois de semear a confusão, declarando seu desejo de permanecer "neutro" frente ao que é, na sua opinião, um dos conflitos mais complicados para resolver, Trump declarou apoio incondicional a Israel, apresentando-se em março como "um torcedor e um verdadeiro amigo de Israel".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, retomou exatamente essas palavras para felicitar "um verdadeiro amigo do Estado de Israel".
"Estou ansioso para trabalhar com ele em favor da segurança, estabilidade e paz na nossa região", disse Netanyahu, que vê aproximar-se o fim de oito anos de difíceis relações com o atual ocupante da Casa Branca, Barack Obama.
Netanyahu não fez referência explícita ao conflito israelense-palestino, nem à promessa de Trump de mudar a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. Mas seus aliados em um dos governos mais à direita da história de Israel não se privaram de comentários.
Para o ministro israelense da Educação, Naftali Bennett, líder do lobby dos colonos e parceiro essencial no governo de coalizão, "a vitória de Trump oferece a Israel a oportunidade de renunciar imediatamente à ideia de um Estado palestino".
"Esta é a posição do presidente eleito" Donald Trump e "como deve ser a nossa política, apenas (...) Os dias do Estado palestino acabaram", acrescentou.
;Novas oportunidades;
Netanyahu defende oficialmente a solução de dois Estados - a criação de um Estado palestino coexistindo em paz com Israel.
A perspectiva de um Estado palestino raramente pareceu mais distante. O esforço de paz está parado desde o fracasso de uma iniciativa dos Estados Unidos em abril de 2014.
O prefeito israelense de Jerusalém, Nir Barkat, a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, e a ministra da Justiça, Ayelet Shaked, pediram que Trump mantenha sua promessa controversa de transferir a embaixada americana para Jerusalém.
Tal transferência significaria romper com a política histórica dos Estados Unidos e da comunidade internacional: o status de Jerusalém continua sendo um dos argumentos centrais do conflito e os Estados Unidos não reconhecem Jerusalém como capital de Israel. Os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental, parte da cidade ocupada e anexada por Israel, a capital de seu futuro Estado.
A eleição de Trump "simboliza um futuro de novas oportunidades" para Israel, disse Hotovely, membro do partido de Netanyahu: a transferência da embaixada seria "o melhor começo para a relação" entre os dois governos.
Por sua vez, a presidência palestina está pronta "para trabalhar com o presidente eleito sobre a base de uma solução de dois Estados para estabelecer um Estado palestino nas fronteiras de 1967", disse à AFP seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina.
"A instabilidade vai continuar na região e no mundo se não fornecermos uma solução para a questão palestina", acrescentou.
No entanto, os territórios palestinos permanecem ocupados e divididos.
O movimento islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, disse esperar o mesmo viés anti-palestino por parte dos Estados Unidos sob Donald Trump que sob seus antecessores.
Por France Presse