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Eleição de Trump preocupa empresários do mundo digital nos EUA

Apresentado com frequência como cheio de otimismo utópico, o mundo digital, que tem fama de ser muito próximo ao presidente Barack Obama, pareceu afundar em um pesadelo

postado em 10/11/2016 22:20
Os empresários da indústria digital americana expressaram seu descontentamento após a vitória de Donald Trump, preocupados particularmente com as consequências em matéria de imigração e inovação e fazendo apelos à secessão da Califórnia.

Apresentado com frequência como cheio de otimismo utópico, o mundo digital, que tem fama de ser muito próximo ao presidente Barack Obama, pareceu afundar em um pesadelo em Lisboa, onde a vitória do magnata imobiliário lançou uma sombra sobre a Cúpula da Web, conferência anual que reúne investidores, empresários e representantes de start-ups.

Alguns se agarram à esperança de que, quando esteja na Casa Branca, Trump renunciará ao populismo demagógico que o levou a derrotar na terça-feira a candidata democrata Hillary Clinton, que recebeu várias doações do Vale do Silício, região da Califórnia que concentra os gigantes tecnológicos americanos.

"Estou em choque", declarou Alexis Ohanian, cofundador do site Reddit, cuja mãe emigrou sem documentos aos Estados Unidos.

"Minha esperança é que as ações do presidente Trump não serão o reflexo do discurso do candidato Trump, em algumas áreas e em particular em assuntos de imigração", declarou.

"Desejo que esse país continue sendo o mais atrativo possível para os empresários, e essa é a principal ameaça que poderia ver (no resultado das eleições)", acrescentou Ohanian.
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As declarações do futuro presidente Trump sobre a política fiscal e comercial provocaram muitos comentários nos corredores da Web Summit.

"Isto afeta potencialmente as redes de fornecimento, principalmente se nossa relação com a China evoluir, pois é lá onde boa parte dos nossos equipamentos são fabricados", explicou o investidor Tony Conrad, fundador do site about.me.

Sob a presidência de Barack Obama, as redes sociais, smartphones e serviços on-line de vídeo e música remodelaram os modos de vida.

O presidente democrata foi particularmente favorável ao Vale do Silício, levando em conta suas prioridades em matéria comercial e fiscal e temas como a neutralidade da rede. Medidas que fizeram com que fosse possível criar uma relação de força equilibrada com as empresas de telecomunicação, às que queriam fazer pagar mais que os usuários particulares da internet.

A chegada de Trump à Casa Branca põe em risco toda essa estrutura, e muitos atores da esfera digital não escondem sua raiva em Lisboa.

"Estou furioso, tenho vergonha", declarou o investidor Dave McClure, acrescentando que "esta eleição é uma grande farsa".

O presidente da Hyperloop, Shervin Pishevar, cuja empresa trabalha em um projeto de transporte terrestre de alta velocidade, se manifestou no sentido do chamado de McClure, que anunciou sua intenção de financiar uma nova campanha na Califórnia, a sexta economia do mundo, a favor de uma separação do resto dos Estados Unidos.

"Somos sérios a esse respeito", declarou à AFP durante a Cúpula da Web, assegurando que ainda serão feitos outros anúncios sobre o possível "Calexit".
Por France-Presse

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