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Papa dá tratamento VIP a sem-teto e pede que não percam a dignidade

"Dignidade, essa é a palavra! A capacidade de encontrar beleza mesmo nas coisas mais tristes e mais sofridas só um homem e uma mulher que têm dignidade podem fazer", afirmou

postado em 11/11/2016 17:51
O papa Francisco deu tratamento diferenciado a sem-teto de vários países europeus, aos quais recebeu nesta sexta-feira, pedindo que não percam a dignidade, nem a capacidade de encontrar beleza, mesmo nas coisas mais tristes.

O papa argentino, que desde que foi eleito pontífice prometeu a transformação da Igreja em uma instituição pobre "para os pobres", recebeu sem-teto e pessoas em situações precárias que viajaram a Roma, procedentes de vários países europeus.

Em seu discurso, Francisco disse aos pobres que nunca abram mão de seus sonhos e não percam a dignidade diante dos obstáculos.

"Dignidade, essa é a palavra! A capacidade de encontrar beleza mesmo nas coisas mais tristes e mais sofridas só um homem e uma mulher que têm dignidade podem fazer", afirmou.

"Pobre sim, humilhado não, isso é dignidade", disse Francisco, aclamado pelos presentes.
Depois de escutar as dilacerantes histórias de dois indigentes convidados, Francisco rezou em silêncio, enquanto alguns dos presentes se aproximaram para tocá-lo.

Christian, um francês de 62 anos, que até a pouco vivia nas ruas de Paris, contou o quanto apreciou a cama do trem em que viajou para Roma, no qual o acompanharam outros 600 indigentes.

Caminhando com passos firmes, apesar de usar bengala, Christian disse ter ficado maravilhado com o Coliseu.

"É lindo. Uma vez o vi em um filme", afirmou.

Christian vive com 500 euros por mês e ainda guarda na memória a primeira noite que passou na rua, em agosto de 2014, e seu relato deixa evidente que entre os mendigos é difícil fazer amigos.

"A gente não faz amigos entre os sem-teto, nos albergues há drogas, te roubam", contou.

Finalmente, Christian conseguiu um quarto graças ao Exército de Salvação e disse que em breve irá viver com uma amiga.

"Eu me viro bem", concluiu.

Todos os rostos dos presentes tinham marcas da vida dura nas ruas.

"Eu nasci na merda. Minha mãe foi embora dizendo que ia comprar cigarros quando eu tinha quatro anos e meu pai morreu quando eu tinha sete", relatou Didier, de 52 anos, um homem de olhar sombrio, que vive nas ruas há oito anos.

"Fui operário de mudanças com contratos temporários durante quinze anos, depois começaram a contratar jovens", lembrou.

Agora, por fim, ele tem um quarto com sua própria chave em um albergue. "Agora, tenho segurança", comemorou.
Por France-Presse

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