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Kerry se diz confiante em manutenção de compromissos dos EUA sobre o clima

"Ninguém tem o direito de tomar decisões que afetam milhões de pessoas baseado apenas em ideologia, sem os devidos dados", acrescentou o chefe da diplomacia americana



Trump afirmou durante a campanha eleitoral que as mudanças climáticas são um "mito" criado pela China e prometeu retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris.

O republicano não voltou a se manifestar publicamente sobre o tema desde sua vitória na eleição presidencial americana, há uma semana.

O Acordo de Paris, assinado por 196 países em dezembro passado, estabelece o objetivo de limitar o aquecimento global médio abaixo de 2 graus Celsius em relação ao nível anterior à Revolução Industrial, através do corte de emissões de gases de efeito estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis.

O pacto, que entrou em vigor em outubro, já foi ratificado por 110 países, incluindo Estados Unidos e China, os dois maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa, e deve passar agora à fase implementação - o objetivo da Conferência de Marrakesh (COP22).

"Cada vez mais alarmante"


Kerry disse que a tendência global se afastou dos combustíveis fósseis, em direção a fontes mais verdes e renováveis.

"Este realmente é um ponto de inflexão. É um motivo para otimismo, apesar do que você vê em diferentes países com relação à política, à mudança", disse o político, brincando que ele participaria da próxima reunião da ONU sobre o clima, em 2017, como "Cidadão Kerry".

Segundo Kerry, as forças do mercado, e não a política, ditarão o futuro energético do mundo: "O mercado se orienta claramente em direção às energias limpas, e essa tendência só vai se acentuar".

"É por isso que estou confiante para o futuro, independentemente de qual política possa ser escolhida", completou o secretário de Estado.

A reunião de Marrakesh começou a elaborar um roteiro para colocar em ação os objetivos do acordo, mas muitos temem que Trump cumprirá a sua promessa de retirar os Estados Unidos do processo, destruindo o impulso político acumulado ao longo de anos de duras negociações.

No seu pronunciamento, Kerry procurou ressaltar a gravidade do perigo que ameaça o mundo se não agirmos rapidamente.

"O tempo não está do nosso lado. O mundo já está mudando a um ritmo cada vez mais alarmante, com consequências cada vez mais alarmantes", disse Kerry, que fez da luta contra o aquecimento global uma prioridade no seu mandato.

"Em algum momento até o mais forte cético tem que reconhecer que algo perturbador está acontecendo", afirmou.

Por France Presse