O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, buscava nesta quarta-feira (16/11) eliminar a impressão de que existe uma desordem generalizada no processo de composição de seu futuro governo.
Até o momento, apenas dois nomes do alto escalão foram anunciados, enquanto as especulações seguem a todo vapor.
Depois de vários dias de intensas disputas no círculo imediato do magnata para ganhar um lugar no governo, Trump recorreu ao Twitter para tentar dispersar os rumores sobre a desordem reinante.
"Em marcha um processo muito organizado enquanto decido sobre o gabinete e muitos outros postos. Sou o único que sabe quem são os escolhidos", tuitou.
O porta-voz do presidente eleito, Jason Miller, disse que Trump e sua equipe têm "uma abordagem muito estruturada e metódica" na seleção dos funcionários, e acrescentou que "não vamos nos apressar".
O protocolo em vigor não estabelece um prazo para que um presidente eleito divulgue seu gabinete, mas a prática é que as nomeações fundamentais são feitas em um prazo razoável para enviar ao país uma mensagem de tranquilidade.
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Para Trump, a ideia de um caos generalizado no processo de formação do governo é responsabilidade do jornal The New York Times. Ele acusou o veículo de estar "decepcionado porque agora parecem como tontos pela cobertura que fazem de mim".
Luta por espaço
O presidente eleito afirmou que, ao contrário de versões que circulam repetidamente nos jornais, nunca pediu que seus filhos tenham acesso a segredos de Estado durante o processo de formação de governo.
Essa versão é "tipicamente uma notícia falsa", garantiu.
Até o momento, Trump anunciou apenas que o presidente do Comitê Nacional do Partido Republicano, Reince Priebus, será seu chefe de gabinete, e que Steve Bannon, dono do site de notícias ultraconservador Breitbart, será seu principal assessor e estrategista na Casa Branca.
Considerado um representante dos setores da ultradireita americana, a nomeação de Bannon acendeu o alerta e abriu uma espetacular polêmica no país.
Nesse ambiente de indefinições, o ex-pré-candidato republicano à presidência e governador de Nova Jersey, Chris Christie, perdeu espaço no entorno presidencial.
Ao mesmo tempo, o país aguarda alguma pista sobre quem estará à frente do Departamento de Estado, uma peça-chave da Política Externa americana. Para esse posto, estão cotados os nomes do ex-presidente de Nova York Rudy Giuliani, do ultraconservador John Bolton - um dos ideólogos da invasão ao Iraque - e o senador republicano Bob Corker.
A ex-diretora da campanha presidencial de Trump, Kellyanne Conway, negou que o processo de formação do novo governo seja confuso.
"Não vejo assim. Essas informações são falsas", desconversou.
O primeiro vislumbre de atritos no círculo mais próximo ao presidente eleito surgiu de Eliot Cohen, um acadêmico conservador que foi assessor do Departamento de Estado no governo de George W. Bush.
Cohen chegou a conversar com membros da equipe de transição de Trump e, depois desses contatos, enviou uma mensagem a seus conhecidos: "mantenham distância".
;Será horrível;
De acordo com Cohen, os integrantes da equipe de transição de Trump "estão cheios de fúria e arrogância, gritam ;perdeu!'. Será horrível", tuitou.
O representante conservador Mike Rogers, que em algum momento chegou a ser considerado para um posto na área de Inteligência, também preferiu se afastar, apontando para a enorme "confusão" sobre a cadeia de comando.
Nesse combate generalizado, o jovem Jared Kushner - casado com a filha do presidente eleito, Ivanka - seria um dos operadores mais implacáveis, em especial no deslocamento do governador Christie.
De acordo com a imprensa local, quando Christie era procurador de Nova Jersey, processou o pai de Kushner por evasão fiscal. Agora, parece ter chegado o momento de acertar as contas. Assim, o afastamento de várias figuras próximas a Trump durante a campanha estaria relacionado à sua ligação com Christie, de acordo com os jornais.
Hoje pela manhã, Trump se reuniu com o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio. A conversa - segundo o prefeito - incluiu vários assuntos: das propostas do presidente para Wall Street ao perfil da cidade de Nova York como lar de tantos imigrantes.
"Reiterei a ele que essa cidade e outras cidades do país farão todo o possível para proteger nossos residentes e para nos assegurarmos de que as famílias não sejam destroçadas", relatou De Blasio.
Também nesta quarta, Trump informou pelo Twitter que conversou por telefone com "muitos líderes estrangeiros". Entre outros, citou Rússia, Reino Unido, China, Arábia Saudita, Japão, Austrália e Nova Zelândia.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse hoje que Trump concordou em se reunir com o secretário-geral da organização, o sul-coreano Ban Ki-moon.
"Concordaram em se reunir", afirmou Dujarric, acrescentando que a data ainda não foi marcada.
Na última sexta (11/11), Trump e Ban Ki-moon conversaram e combinaram de continuar em contato.
"Agora, depois da eleição, quando cria sua equipe de transição com especialistas e pessoas com visão e experiência, estou certo de que os Estados Unidos continuarão desempenhando um papel de liderança", declarou Ban.
Os Estados Unidos são de longe o principal contribuinte financeiro da ONU, aportando 23% do orçamento total da instituição e 28% do orçamento de US$ 8 bilhões para as missões de manutenção da paz.
Por France Presse