Durante dois anos e meio, Rosmit Mantilla, deputado do partido opositor Voluntad Popular, foi trancafiado no chamado Helicoide, uma construção de arquitetura arrojada que abriga a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), em Caracas. Na noite de quinta-feira, ele foi solto, enquanto recebia atendimento de urgência no Instituto Urológico de San Román, com problemas na vesícula e no pâncreas. A libertação foi recebida como um sinal positivo, ainda que tênue, por parte de lideranças da oposição. Por telefone, Rosmit afirmou ao Correio que foi preso por pensar de modo distinto e contou o drama vivido no cárcere. ;Não sofri tortura, mas a pressão psicológica era constante. Nos últimos 10 dias, comecei a sentir dores no estômago. Os guardas me disseram que isso ocorria por ;motivos políticos;. Eles me deixaram o tempo todo sem banho, sem água, impedido de fazer ligações telefônicas.;
O ex-preso político admitiu que acatará a decisão do partido e não participará do diálogo com o governo de Nicolás Maduro. ;Nós respeitamos os companheiros da Unidade (Mesa de Unidade Democrática, a coalizão opositora). Até que o regime mostre sinais francos de que acredita realmente em uma solução pacífica e democrática para o nosso país, não nos sentaremos à mesa de negociação;, comentou Rosmit. ;Enquanto o governo não emitir nenhuma mostra de boa-fé, não estaremos com eles.;
Questionado se não houve progressos por parte do Palácio de Miraflores em direção a uma saída para a crise, ele foi incisivo: ;Não, os outros venezuelanos também estão presos, pois sofrem com a escassez de comida e de medicamentos e a insegurança. Começarei a trabalhar imediatamente pela libertação dos prisioneiros políticos e de todos os venezuelanos. Somos presos de um governo que reprime quem pensa diferente. Meu compromisso, a partir de hoje, é assumir a responsabilidade e trabalhar por uma mudança de governo, pela via constitucional e democrática;.