postado em 21/11/2016 22:36
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, preparava nesta segunda-feira (21/11) um novo pacote de nomeações para seu futuro governo, em meio a uma interminável série de reuniões com potenciais candidatos.
Depois de um fim de semana de atividades em seu clube de golfe nos arredores de Nova York, Trump voltou às reuniões em sua Trump Tower, em Manhattan. Talvez viaje para Miami ainda esta semana.
"Poderá haver (anúncios) esta semana. Poderá haver hoje mesmo, mas não queremos nos apressar para anunciar nomes apenas porque todo o mundo quer saber", desconversou a ex-chefe de campanha e atual assessora de Trump, Kellyanne Conway.
Fiel ao estilo que marcou sua campanha eleitoral, Trump voltou a usar o Twitter: tanto para reclamar das vaias a seu vice-presidente Mike Pence, durante uma peça de teatro, quanto para fazer comentários sobre as reuniões com possíveis candidatos a ocupar o alto escalão de seu governo.
Foi o caso do general da reserva James Mattis, conhecido como "Mad Dog" (cachorro louco), um nome forte para a área de segurança.
Indícios nas redes sociais
"Um possível ministro da Defesa", tuitou Trump, referindo-se a Mattis, deflagrando uma nova onda de rumores.
Um dos mais influentes pesos-pesados do Partido Republicano, o ex-candidato à presidência dos EUA John McCain, comemorou. Deve-se lembrar que Trump e McCain têm um histórico de tensas relações, as quais se acirraram nesta última campanha.
De acordo com McCain, Mattis é "um dos mais brilhantes oficiais militares de sua geração". Ele manifestou sua esperança de que o general possa ter "a possibilidade de servir ao país novamente".
Mattis é considerado um crítico ferrenho da atual política americana na Síria e se tornou conhecido por uma orientação dada a seus soldados no Iraque: "sejam educados, sejam profissionais, mas estejam preparados para matar todos que encontrarem".
Nesta segunda, Conway afirmou que o uso que o presidente eleito faz do Twitter, no lugar recorrer aos canais formais, é válido porque se trata de uma forma de se fazer ouvir "em meio ao barulho".
"Quem disse que ele (Trump) não pode fazer isso, fazer um comentário, passar cinco minutos com um tuíte, e voltar a ser o presidente eleito?", declarou ela, em entrevista à rede CNN, acrescentando que Trump tem 25 milhões de seguidores nas redes sociais.
A agenda de Trump desta segunda-feira incluiu reuniões com Tulsi Gabbard, uma legisladora do Partido Democrata que também critica a atual política americana para a Síria.
Gabbard - que nas prévias democratas evitou apoiar Hillary Clinton - chegou à reunião com o magnata republicano apoiada em boatos sobre um possível lugar como embaixadora na ONU. Ainda não se sabe se a oferta de fato foi feita.
Estender pontes
O presidente eleito também se encontrou com o ex-governador do Texas Rick Perry, um ultraconservador e ex-pré-candidato à presidência pelo mesmo partido de Trump.
A reunião mais misteriosa foi a conversa privada de Trump com representantes de seis das maiores redes americanas de televisão, fortemente criticadas por Trump ao longo da campanha.
Conway descartou que o encontro tenha sido para um ajuste de contas, mas afirmou que um primeiro passo seria sempre bem-vindo para zerar essa relação.
Esse "relançamento" das relações de Trump com a imprensa e o encontro com Gabbard também podem ser interpretados como uma tentativa do presidente eleito de estender pontes a setores moderados dentro do espectro conservador.
O passo mais claro nesse sentido foi dado no sábado, quando o empresário se reuniu com o ex-candidato presidencial republicano Mitt Romney. Depois de chamar o magnata de "fraude" durante a campanha, Romney surge agora como potencial candidato à Secretária de Estado.
Até o momento, Trump designou o senador ultraconservador Jeff Sessions para o Departamento da Justiça e o congressista pelo Kansas Mike Pompeo para dirigir a CIA (a agência de Inteligência americana). Pompeo integra o Tea Party, ala ultraconservadora do Partido Republicano.
Também nomeou o general da reserva Michael Flynn como seu conselheiro de Segurança Nacional, um cargo que não precisa ser aprovado pelo Senado, assim como o ultradireitista Steve Bannon - do portal de extrema-direita Breitbart - como seu principal estrategista e assessor, uma escolha bastante criticada.
Por France-Presse