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Equipe de Trump lança interrogações sobre futuros laços entre EUA e Cuba

Em 2014, esses dois países, separados por meio século de tensões, iniciaram uma aproximação histórica; chegada de Trump à Casa Branca gera incertezas sobre todo o delicado processo

O futuro das relações diplomáticas entre Washington e Havana ficou sob uma espessa camada de dúvidas diante das posições expostas neste domingo (27/11) por pessoas próximas e figuras da equipe do presidente eleito, Donald Trump, por mais concessões de Cuba em troca da abertura.
Em 2014, esses dois países, separados por meio século de tensões, iniciaram uma aproximação histórica. A chegada de Trump à Casa Branca gera incertezas sobre todo o delicado processo.

A morte do líder cubano Fidel Castro, na noite de sexta-feira, levou várias vozes próximas ao presidente eleito a se manifestarem sobre o futuro dessas relações bilaterais.

No sábado (26/11), Trump emitiu uma nota oficial onde afirmou que sua administração "fará tudo que puder" para garantir "a prosperidade e a liberdade" dos cubanos, sem dar detalhes de como alcançará esse objetivo.

Neste domingo, Kellywanne Conway, uma das assessoras mais próximas e ex-chefe de campanha de Trump, disse à imprensa que o núcleo da visão do presidente eleito sobre a retomada das relações com Cuba é que Washington não obteve concessões de Havana.

"Sua crítica ao que ocorreu nos dois últimos anos é simples: é que não conseguimos nada em troca" do restabelecimento das relações diplomáticas, disse.

Por exemplo, acrescentou Conway, "não tivemos nenhuma garantia de que os cubanos que ainda vivem na ilha terão de fato liberdade religiosa, política e econômica".

"Devemos conseguir um melhor acordo" com Cuba e evitar "um entendimento de mão única", disse à imprensa neste domingo (27) o futuro chefe de gabinete de Trump e presidente do Comitê Nacional Republicano, Reince Priebus.

Dois senadores republicanos e ex-candidatos presidenciais que agora apoiam Trump, Marco Rubio e Ted Cruz (ambos filhos de cubanos), também se manifestaram a favor de que a Casa Branca pise no freio da relação com Cuba.

Rubio disse que o presidente eleito "deixou claro que ele sente que os passos do presidente Obama em direção a Cuba foram equivocados".

Trump afirmou que "analisará esses passos e mudará o que for necessário mudar. Eu acho que essa visão é promissora", disse Rubio.

Cruz se pronunciou a favor de manter o bloqueio econômico e comercial a Cuba, medida que deveria ser eliminada pelo Congresso americano no âmbito da aproximação iniciada entre Washington e Havana.

"A pressão econômica estava tendo efeito real", disse Cruz neste domingo.

Com os republicanos no controle das duas câmaras do Congresso, as possibilidades de que o Poder Legislativo inicie o desmonte do emaranhado legal do embargo se tornam mais remotas.

No último ano, Obama introduziu algumas flexibilizações ao embargo, por meio de decretos presidenciais, mas já na campanha eleitoral Trump sugeriu que, uma vez na Casa Branca, poderia cancelá-los para retornar à situação anterior.
Por France-Presse