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Após saída de Schulz, turbulências atingem na cúpula da UE

O PPE reclama uma traição: vencedor das eleições europeias de 2014, apoiou a recondução de Martin Schulz para dirigir o Parlamento Europeu para um segundo mandato, desde que os social-democratas prometessem apoiar um candidato do PPE no início de 2017


Bruxelas, Bélgica
- O anúncio da saída do socialista alemão Martin Schulz da chefia do Parlamento Europeu provocou uma verdadeira turbulência no equilíbrio político em posições-chave da UE e tem agitado os bastidores de Bruxelas.

Porque, se a presidência do Parlamento retornar em janeiro aos democratas-cristãos do PPE, a direita europeia assumirá as rédeas das três principais instituições da União Europeia, com Jean-Claude Juncker como presidente da Comissão e o polonês Donald Tusk à frente do Conselho Europeu.

"Nós nunca aceitaremos um monopólio do PPE, uma das três presidências deve retornar à família socialista", advertiu na quarta-feira o líder dos eurodeputados social-democratas, Gianni Pittella, anunciando que se lançará na briga para suceder seu colega alemão.


Alguns dias antes, Martin Schulz anunciou que iria concorrer às eleições legislativas em 2017 na Alemanha, onde alguns o apontam como um oponente em potencial de Angela Merkel para a chancelaria.

Sua partida "marca o fim do equilíbrio entre as famílias políticas nas instituições da UE", segundo Pittella. Seu grupo é apenas a segunda força, atrás do PPE (189 deputados contra 215 de 751), mas ele justifica sua candidatura pelo fato de que a Europa precisa da esquerda para "acabar com a austeridade cega".
Traição

O PPE reclama uma traição: vencedor das eleições europeias de 2014, apoiou a recondução de Martin Schulz para dirigir o Parlamento Europeu para um segundo mandato, desde que os social-democratas prometessem apoiar um candidato do PPE no início de 2017.

"Tínhamos um acordo, ele deve ser respeitado", estima Manfred Weber, chefe dos eurodeputados do PPE, que deve nomear o seu candidato em 13 de dezembro entre vários candidatos, incluindo o francês Alain Lamassoure, a irlandesa Mairead McGuinness e o esloveno Alojz Peterle.

"Parece que a ;grande coalizão; é história passada", teme uma fonte europeia, referindo-se a colaboração legislativa que tentaram manter nos últimos anos o PPE e os social-democratas no Parlamento.

A candidatura de Pittella é uma meia-surpresa: antes de escolher a política alemã, o próprio Martin Schulz havia sugerido que ele poderia buscar um terceiro mandato, apesar do acordo de 2014 com o EPP.

Ele até recebeu o apoio público de Jean-Claude Juncker, preocupado com as consequências políticas para a UE de uma divisão entre as duas principais famílias políticas num momento de grande avanço dos populistas.

"A questão já foi resolvida em 2014", considera um cacique do PPE, afirmando que os socialistas aceitaram na época uma alternância no Parlamento, preferindo colocar a italiana Federica Mogherini à frente da diplomacia europeia em vez de ficar com a presidência do Conselho Europeu, que reúne os líderes dos Estados membros.

De acordo com fontes parlamentares, a corrida poderia justamente servir aos social-democratas para estabelecer as bases para reivindicar, em caso de fracasso, o cargo ocupado por Donald Tusk, nomeado em dezembro de 2014 para dois anos e meio como chefe do Conselho.

O polonês ainda não anunciou suas intenções, mas sua comitiva enfatiza que a escolha do presidente do Conselho "cabe aos seus membros e a qualquer outra pessoa", ou seja, os chefes de Estado e de governo.

Por France Presse