postado em 02/12/2016 22:43
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, rompeu com décadas de política diplomática americana, nesta sexta-feira (2/12), ao conversar com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, correndo o risco de provocar uma séria polêmica com a China.
"Durante a conversa, eles mencionaram os estreitos laços econômicos, políticos e de segurança" entre Taiwan e Estados Unidos, indicou a equipe de transição de Trump em uma minuta da conversa telefônica.
"O presidente eleito Trump também cumprimentou Tsai por ter se tornado presidente de Taiwan no começo deste ano", destacou.
Não ficou claro que lado tomou a iniciativa do telefonema, um dos muitos que Trump tem trocado com líderes mundiais desde que venceu as eleições americanas, ou se o mesmo aponta uma mudança da política externa.
A China considera a autônoma Taiwan como parte de seu próprio território à espera de reunificação, quando ficaria subordinada a Pequim, e qualquer iniciativa americana que possa indicar apoio à independência representaria uma grande ofensa.
Washington cortou relações diplomáticas com a ilha em 1979 e reconhece Pequim como o único governo da "China Única", embora extraoficialmente mantenha laços amigáveis com Taipé.
Mas Tsai se recusa a aceitar a política da "China Única", levando Pequim a cortar todas as comunicações oficiais com o novo governo da ilha.
Após a notícia do telefonema, a Casa Branca reafirmou nesta sexta-feira a política que reconhece Pequim como único governo da "China Única".
"Não há mudanças na nossa política de longa data nos assuntos" da China e de Taiwan, disse a porta-voz de segurança nacional, Emily Horne, à AFP.
"Nós nos mantemos firmemente comprometidos com nossa política da ;China Única;, baseada nos Comunicados Conjuntos e na Lei de Relações com Taiwan. Nosso interesse fundamental está em relações pacíficas e estáveis entre as duas margens do estreito" de Formosa ou Taiwan, que separa a China desta ilha, acrescentou.
O governo da presidente taiwanesa, do Partido Progressista Democrático (DPP), chegou ao poder em Taiwan após uma vitória esmagadora nas eleições de janeiro sobre o Kuomintang (KMT), que tinha vínculos muito mais amigáveis com Pequim.
Encastelado em seus escritórios na Torre Trump, em Nova York, o presidente eleito prepara sua mudança para a Casa Branca no próximo mês, para a cerimônia de posse, e recebe telefonemas de cumprimentos de dezenas de líderes mundiais.
Mas até a quinta-feira, funcionários do Departamento de Estado afirmavam a jornalistas que Trump não havia solicitado ;briefings; sobre a atual política diplomática americana antes de fazer contato com líderes internacionais.
Por France-Presse