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Angela Merkel se mantém na liderança da União Democrata Cristã

Chanceler da Alemanha oficializa busca pelo quarto mandato. Em discurso, ela prometeu proibir o véu islâmico e endureceu a retórica anti-imigração

Um gesto de sacrifício do governo conservador, ante a ascensão da extrema-direita em toda a Europa, e sinais de endurecimento da retórica marcaram a reeleição da chanceler alemã, Angela Merkel, como líder da União Democrata Cristã (CDU). Diante de quase mil delegados do partido, reunidos em Essen (oeste da Alemanha), Merkel cimentou a sua candidatura para disputar o quarto mandato, nas eleições federais do segundo semestre de 2017. Ao prever uma das campanhas mais duras desde a reunificação do país, em 1990, ela enviou um recado à Alternativa para a Alemanha (AfD), facção neopopulista chefiada por Frauke Petry. ;O mundo não é preto e branco. Devemos permanecer céticos em relação a respostas simplistas;, advertiu a chanceler, que mantinha em suspense os planos para o próximo ano. Ela alertou para a ;forte polarização; da sociedade e afirmou que a corrida eleitoral ;não vai ser algo divertido;.

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Em pouco mais de uma hora de discurso, Merkel defendeu o banimento total do véu islâmico integral ; ;Aqui tem que mostrar a cara; o véu integral tem que estar proibido onde for possível; ; e prometeu que ;uma situação como essa do verão de 2015 não pode e não deve se repetir;, em alusão à onda migratória, na qual 900 mil refugiados entraram em território alemão no ano passado.

Christian Volk, professor do Instituto de Ciência Política Otto Suhr da Universidade Livre de Berlim, explicou ao Correio que, em face da controversa agenda política de Merkel, as perspectivas de reeleição da chanceler são ;muito boas, em torno de 89,5%;. ;A ratificação de Merkel como líder mostra que grandes porções da CDU ainda a apoiam. Em algum grau, isso também está ligado ao fato de o partido não ter quaisquer candidatos alternativos que pudessem ter desempenho próximo do bom. No entanto, o resultado não permite prever nada em relação às eleições de 2017;, admitiu.

Para o especialista, uma eventual coalizão entre o Partido Verde (Die Grünen), o Partido Social-Democrata (SPD) e o Partido de Esquerda (Die Linke) parece uma ameaça mais urgente a Merkel do que a extrema-direita. ;O principal desafio será impedir que isso ocorra após as eleições. Muito provavelmente, o próximo Bundestag consistirá em seis partidos, em vez de quatro, pois a AfD e o Partido Liberal (FDP) obterão votos suficientes para entrar no Parlamento. Como uma coalizão entre a AfD e a CDU está completamente fora de questão, a nomeação de Merkel como chanceler dependerá dos resultados do SPD e do FDP;, comentou. Volk aposta que, ante a inclinação da CDU à direita ; como ficou pronunciado na reunião do partido, com a proibição da burca e a deportação de refugiados ;, uma aliança com o Partido Verde pode se tornar possível. As mais recentes pesquisas apontam que a CDU deverá obter 37% dos votos contra 22% para o SPD.

Estratégia

Volk entende a defesa de Merkel pela proibição do véu islâmico como uma estratégia política para capturar votos da AfD. Ele contou que, em Berlim, capital com alta porcentagem de muçulmanos, raramente se vê mulheres com o véu integral. ;O discurso de Merkel é uma concessão à ala direitista de seu próprio partido, a CDU, o qual ela precisa unificar. No entanto, parece que a chanceler está com medo de sua própria coragem, pois sua política de refugiados tem sido guiada por princípios humanitários subjacentes à Constituição alemã e sua lei de asilo deriva do Shoah (Holocausto);, explicou.

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