GENEBRA (Suíça) ; Os dois pilotos que deram a volta ao mundo em um avião movido a energia solar reafirmaram nesta quinta-feira (8/12) que aeronaves elétricas vão transportar passageiros daqui a dez anos. Segundo o médico Bernard Piccard, serão voos curtos, com 50 pessoas a bordo. As aeronaves terão capacidade para voar por uma hora e meia.
Ele e o engenheiro Andre Borschberg, que também participou da jornada a bordo da aeronave Solar Impulse II, considerada histórica para a aviação mundial, apresentaram os resultados de seu trabalho para jornalistas no escritório executivo da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), em Genebra, na Suíça. Para a dupla, as energias limpas são um caminho sem volta para um mundo que precisa se reinventar tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.
Apesar disso, a previsão da Iata é bem menos otimista. Para a entidade, os aviões comerciais de pequena distância só vão decolar em 2040. Questionados pelo Correio, Piccard e Borschberg reconheceram que não se trata de uma solução de longo prazo. No entanto eles destacaram que é o caminho está aberto e têm expectativas para um período menor de tempo.
Eles afirmaram que hoje, a energia limpa já é mais barata que o óleo e o gás, ao contrário do que acontecia há cinco anos. ;Isto não é ficção científica;, afirmou Piccard durante sua palestra para uma plateia de cerca de 100 jornalistas de todo o mundo. ;Isso é a realidade hoje.;
Borschberg afirmou ao Correio que já é possível instalar fotocélulas em pequenos aviões, como os usados na Amazônia atualmente. ;É possível sim;, respondeu. ;Nós trazemos solução para beneficiar para mostrar a você como fazê-lo, soluções elétricas. E nós faremos isso.;
Segundo o engenheiro, a fonte de alimentação é potente. ;O sol fornece milhares de watts;, explicou Borschberg. As aeronaves poderiam voar com autonomia de uma hora e meia.
Só vantagens
Para Piccard, só há vantagens no uso das energias solares e outras que não geram poluição por carbono: redução de desperdício, da destruição ambiental e do uso de produtos tóxicos, por exemplo. Os benefícios econômicos tornam as energias limpas mais viáveis financeiramente que os combustíveis fósseis, como carvão e petróleo.
Os dois esperam que a experiência bem-sucedida que fizeram inspire a criação de novas empresas, como as startups, as pequenas companhias, mas também as grandes corporações.
A aventura
Borschberg e Piccard fizeram uma jornada de 43 mil quilômetros. De março de 2015 a julho de 2016, eles deram a volta ao mundo no avião Solar Impulse II sem usar uma única gota de óleo. Foram 17 paradas, partindo de Abu Dhabi em direção ao leste até pousarem novamente na cidade dos Emirados Árabes, até chegarem à mesma localidade. A aeronave, que atingia velocidades de 50 km/h a, no máximo, 100 km/h, era conduzida dia e noite sem interrupções.
Um dos trechos mais difíceis foi a cruzada do Pacífico, quando saíram de Nagoya, no Japão, até o Havaí. Eles consumira 4 dias, 21 horas e 52 minutos de voo ininterruptos para percorrer 8.924 quilômetros. Ou outro foi atravessar o Oceano Atlântico. A dupla partiu de Nova Iorque, nos EUA, até Sevilha, Espanha, trecho de 6.765 quilômetros que consumiu 2 dias, 23 horas e 8 minutos.
O avião elétrico Solar Impulse II voa a uma altitude média de 8,5 km do nível do mar. As aeronaves comerciais, a 11 km.
*O repórter viajou a convite da Iata