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EI reconquista a cidade de Palmira

O grupo extremista retomou a cidade após a retirada do exército para o sul

postado em 11/12/2016 14:04
Alepo, Síria - O exército sírio reforçou neste domingo sua vantagem perante os rebeldes no leste de Aleppo, mas sofreu um revés na cidade antiga de Palmira, reconquistada pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Aproveitando-se o fato de que o regime dedica todos os seus esforços à batalha de Aleppo, a organização extremista retomou no domingo a totalidade da cidade antiga de Palmira, após a retirada do exército.

"Apesar dos ataques aéreos russos, o EI reconquistou no domingo toda a cidade de Palmira, depois que o exército se retirou para o sul", afirmou Abdel Rahman diretor da ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
O grupo extremista retomou a cidade após a retirada do exército para o sul
Após terem sido expulsos em março passado, os extremistas voltaram neste sábado a Palmira, mas "tiveram que abandonar suas posições por várias horas durante a noite antes de voltar com força e ocupar toda a cidade", acrescentou.

Extremamente ágeis, os extremistas são capazes de retroceder e avançar quando a situação permite e a aviação interrompe seus bombardeios.

O ministério russo da Defesa informou que seus caça-bombardeiros realizaram 64 ataques durante a noite "contra posições, comboios e agrupamentos" do EI em Palmira.

Estes ataques mataram mais de 300 membros do EI e destruíram 11 tanques e 31 veículos, acrescentou o ministério.

O EI conquistou Palmira em maio de 2015, e durante sua ocupação, destruiu várias ruínas greco-romanas da cidade, incluída na lista do patrimônio da Humanidade da Unesco.
Êxodo de moradores

O êxodo dos moradores da parte rebelde de Aleppo, no norte da Síria, prosseguiu com a fuga de mais de 10.000 civis em poucas horas neste domingo, devido "aos combates e aos bombardeios", segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Os civis "se refugiaram em setores controlados pelas forças do regime na parte ocidental de Aleppo", informou Rahman.

Segundo Rahman, 120.000 pessoas fugiram do leste de Aleppo desde meados de novembro: 90.000 para bairros governamentais e 30.000 para aqueles controlados pelos curdos.

Um correspondente da AFP na cidade confirmou que houve intensos bombardeios e disparos de artilharia nos bairros rebeldes durante a noite.

As forças governamentais dominam agora 85% do leste de Aleppo e estreitam o cerco aos insurgentes em um local onde tudo falta, especialmente a comida.

Saques intensos

Não há nenhuma informação sobre as perdas de vidas humanas nas últimas horas e o balanço de vítimas continua sendo de 413 civis mortos no leste de Aleppo desde o início da ofensiva do regime, em 15 de novembro, segundo o OSDH.

"Os saques são de uma intensidade inédita", indicou no sábado à AFP Ibrahim Abu al Leith, porta-voz da organização Capacetes Brancos em Aleppo. "As ruas estão cheias de gente sob os escombros. Morrem porque não conseguimos tirá-las dali".

Os rebeldes respondem aos ataques do exército disparando foguetes sobre os bairros governamentais, onde pelo menos 139 civis morreram desde o início da operação.

Mas o exército avança de forma inexorável e apoderou-se do bairro de Asila e da maior parte de Maadi, no leste, segundo o OSDH.

O ministro britânico da Defesa, Michael Fallon, resumiu o sentimento de muitos dirigentes internacionais, ao declarar à BBC que prevê, "infelizmente", a queda de Aleppo.

O papa Francisco lançou um apelo à paz: "Não à destruição, sim à paz, sim ao povo de Aleppo e da Síria", disse o pontífice, durante o Angelus, na praça de São Pedro.

A perda deste reduto rebelde é "politicamente muito importante" para Damasco porque representará um duro golpe para a oposição armada, avaliou Yezid Sayigh, especialista do Centro Carnegie do Oriente Médio.

Além disso, "a ideia de que o regime possa ser deposto pela via militar fica definitivamente abandonada" mais de cinco anos e meio após o início da guerra, prosseguiu.

O exército sírio, com efetivos reduzidos, conta com o apoio de seus aliados russo e iraniano, como foi possível constatar durante a ofensiva do EI em Palmira (centro).

Por Agência France Presse

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