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Cuba e União Europeia iniciam nova era de relações diplomáticas

Chanceler cubano, Bruno Rodríguez, ressaltou que o acordo "continuará a enriquecer uma relação histórica e culturalmente intensa" com os 28 chanceleres da UE

postado em 12/12/2016 08:49
Bruxelas, Bélgica - Cuba e União Europeia iniciaram nesta segunda-feira uma nova era de relações diplomáticas plenas, com a assinatura de um novo acordo político que coloca fim à restritiva Posição Comum um mês antes da chegada de Donald Trump à Casa Branca.

[SAIBAMAIS]"Hoje em dia reconhecemos que há mudança em Cuba e queremos acompanhar esta mudança econômica e social", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, antes da assinatura do Acordo de Diálogo Político e Cooperação com seu colega cubano, Bruno Rodríguez, e os 28 chanceleres da União Europeia.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que defendeu ante seus colegas europeus o direito de um país de eleger seu sistema político e a não ingerência, ressaltou que o acordo "continuará a enriquecer uma relação histórica e culturalmente intensa" com os 28.

Com a assinatura deste pacto, a UE colocará, por sua vez, fim à chamada Posição Comum de 1996, que Cuba classifica de "ingerente" e "discriminatória", já que vincula a cooperação europeia a "melhorias dos direitos humanos", ao mesmo tempo em que busca "favorecer um processo de transição para uma democracia pluralista".

No âmbito desta política, os 28 chegaram inclusive a suspender temporariamente em 2003 a cooperação com a ilha comunista após a detenção de 75 dissidentes cubanos, libertados posteriormente.

;Não se dá um cheque em branco;

A situação dos direitos humanos na ilha comunista foi um dos principais obstáculos ao longo das sete rodadas de negociações, mas os negociadores decidiram finalmente abordá-la em um diálogo separado para abrir caminho em direção ao pacto.

Um dos objetivos do acordo, negociado por quase dois anos desde abril de 2004, é, assim, o de "iniciar um diálogo (...) tendo como objetivo o fortalecimento dos direitos humanos e da democracia", segundo o documento ao qual a AFP teve acesso.

"Não se dá um cheque em branco a Cuba", explicou uma fonte diplomática, já que o texto estabelece "que irão avançando em função dos progressos democráticos, de respeito aos direitos humanos". "Sempre vamos ter aqui a capacidade de parar, de acelerar ou de suspender o acordo", ressaltou.

O pacto também assenta as bases de seus intercâmbios comerciais através das normas reitoras do comércio internacional e do fortalecimento das relações políticas existentes com "respeito mútuo, reciprocidade, interesse comum e respeito à soberania".

À espera de Trump

Cuba, que era o único país latino-americano sem um acordo diplomático deste tipo com o bloco europeu, restabelece a plena normalização de suas relações com seu segundo sócio comercial semanas após a morte do líder cubano Fidel Castro e quando o degelo com Washington está no ar.

O próximo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou no fim de novembro colocar fim ao processo de aproximação se não houver "um acordo melhor para os cubanos, os cubano-americanos e os americanos em geral".

Trump ;não afetará;

Cuba, que era o único país latino-americano sem um acordo diplomático deste tipo com o bloco europeu, restabelece a plena normalização de suas relações com seu segundo sócio comercial semanas após a morte do líder cubano Fidel Castro e quando o degelo com Washington está no ar.

Apesar da aproximação iniciada pelo presidente americano Barack Obama, que, no entanto, não chegou a levantar o embargo imposto a Cuba em 1962, seu sucessor na Casa Branca a partir de 20 de janeiro, Donald Trump, já advertiu que colocará fim ao degelo se não houver um "acordo melhor" para seu país.

A chefe da diplomacia europeia ressaltou que a próxima administração Trump não afetará as relações da UE com Cuba, mas ressaltou, assim como seu colega cubano, sua preocupação por eventuais sanções dos Estados Unidos às empresas que violem seu embargo contra a ilha.

"As relações entre Cuba e a UE felizmente não passam por Washington", disse Rodríguez, para quem será preciso remover, no entanto, "o obstáculo que significa, em particular no plano financeiro, a aplicação que persiste do bloqueio contra Cuba".
Por France Presse

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