Mundo

Turquia detém quase 200 militantes de partido pró-curdo após atentado

Entre os detidos estão os chefes de seção do HDP em Istambul, Aysel Guzel, e Ancara, Ibrahim Binici

postado em 12/12/2016 12:14
Ancara, Turquia - A Turquia deteve nesta segunda-feira quase 200 membros do principal partido pró-curdo do país e atacou no Iraque alvos da rebelião curda, depois que um grupo dissidente reivindicou o atentado que deixou mais de 40 mortos em Istambul.

[SAIBAMAIS]As autoridades detiveram 198 membros do Partido Democrático dos Povos (HDP), cujo líder Selahattin Demirtas já havia sido detido junto a uma dezena de deputados no início de novembro, em um dos expurgos realizados por Ancara após a tentativa de golpe de Estado de julho.

Na noite de sábado, um duplo atentado em Istambul deixou 44 mortos, entre eles 36 policiais, segundo o último balanço comunicado pelo ministro da Saúde, Recep Akdag.

Um grupo radical curdo, os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), reivindicou o ataque de sábado, um dos mais mortíferos já lançados na cidade turca nos últimos anos.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considera que o HDP está estreitamente vinculado a outro movimento curdo, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e que, portanto, já não é um interlocutor legítimo.

Entre os detidos estão os chefes de seção do HDP em Istambul, Aysel Guzel, e Ancara, Ibrahim Binici, segundo a agência pró-governamental Anatolia.

Os detidos são suspeitos de pertencer ao PKK, considerado um grupo terrorista por Ancara, ou de difundir sua propaganda, acrescentou a Anatolia.

Além destas prisões, as represálias turcas tiveram como alvo a rebelião curda no norte do Iraque.

Segundo a agência Dogan, o exército turco atacou "membros de uma organização terrorista separatista" (o PKK) na região de Zab, no norte do Iraque, e destruiu seu quartel-general, refúgios e posições armadas.

;Sede de vingança;

Em colunas publicadas no jornal Hurriyet, vários editorialistas criticaram a política do Governo, movida, segundo eles, por uma sede de vingança sem estratégia clara para colocar fim aos atentados.

"O ministro (do Interior Süleyman) Soylu disse que a vingança é a única coisa na ordem do dia do governo. É um slogan fraco porque dá a entender que o Governo não tem uma estratégia mais profunda para lutar contra a atual onda de ataques", escreve Murat Yetkin.

"Basta do presidente, do primeiro-ministro, do ministro do Interior e de outros que oferecem uma retórica política vazia que promete campanhas de vingança contra o terrorismo. É hora de agir. Os que se mostraram incapazes e incompetentes devem se retirar ou ser substituídos", opina Yusuf Kanli.

O jornal pró-governamental Daily Sabah denuncia, por sua vez, a atitude hipócrita dos Estados Unidos e da União Europeia, acusados por ele de ser passivos ante o PKK.

Por France Presse

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação