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Venezuela: Maduro manda tirar de circulação as cédulas de 100 bolívares

Economistas alertam para o risco de colapso do sistema financeiro

Rodrigo Craveiro
postado em 13/12/2016 06:03
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Até amanhã, milhões de venezuelanos deverão empreender uma corrida aos bancos do país, o que pode levar ao colapso do sistema financeiro, a curto prazo. O alerta partiu de economistas venezuelanos consultados pelo Correio, que não pouparam críticas à decisão do presidente Nicolás Maduro de ignorar a autonomia do Banco Central da Venezuela (BCV) e anunciar o fim da circulação da nota de maior valor, a de 100 bolívares. O Palácio de Miraflores explica que a medida tem por meta combater supostas ;máfias internacionais; que armazenam milhões dessas notas na Colômbia. ;No uso das minhas faculdades constitucionais, e através deste decreto de emergência econômica, decidir tirar de circulação as cédulas de 100 bolívares nas próximas 72 horas;, declarou Maduro, na noite de domingo.

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;Quando a incapacidade governa. A quem ocorre fazer algo assim, em dezembro, e com as dificuldades que temos? Maduro e sua cúpula;, reagiu Henrique Capriles, um dos líderes da oposição e governador do departamento (estado) de Miranda. Ontem, ele disse que a Venezuela ;não precisa de mais incertezas;. ;É mentira que estejam levando as notas para a Colômbia. Retirar a cédula de 100 bolívares não resolve os problemas econômicos do país.;

Em San Cristóbal, na fronteira com a Colômbia, comerciante avisa que não receberá mais as notas de 100

Luis Oliveros, economista e professor da Universidad Metropolitana (Unimet), em Caracas, acredita que a decisão de Maduro afetará a parcela da população com menor capacidade de compra. ;São aquelas pessoas não bancarizadas, que fazem quase todas as operações com dinheiro em espécie;, observa. Na opinião dele, o motivo da medida anunciada pelo Executivo parece confuso. ;Falaram em bandos criminosos atuando em Cúcuta, que falsificariam notas de 100 bolívares. Hoje, existe um risco imenso de caos no sistema de pagamentos e nos bancos;, observa.

Especialista em mercados financeiros, Andrés Ortuño teme efeitos desastrosos do confisco. Ele lembra que, segundo o BCV, a quantidade de notas de 100 bolívares passou de 12% do total de cédulas em uso, em 2008, para 48% neste ano. ;A proibição da circulação representa um problema para os venezuelanos. Os mais prejudicados serão os aposentados, que recebem em espécie; o comércio informal; os trabalhadores formais pagos com dinheiro (como taxistas, postos de gasolina e estacionamento); e as agências bancárias, que, nas próximas horas, deverão receber todas as cédulas de 100 bolívares;, advertiu o economista, baseado em Caracas.

Êxodo
Para Ortuño, a medida é desnecessária, ante o anúncio de um novo plano monetário, pelo qual a cédula de maior valor será a de 20 mil bolívares. ;Existem, em circulação, 6 milhões de notas de 100. Isso é um problema para a capacidade das agências bancárias, que, em tão pouco tempo, não conseguirão recolher todas elas;, admitiu. Ante a inflação ; prevista para fechar o ano entre 500% e 700% ; e o desabastecimento, a classe média venezuelana tem emigrado para outros países. ;As diásporas no Panamá, em Miami e em Madri começam a ser acompanhadas pelas comunidades de venezuelanos em Buenos Aires e em cidades da Colômbia;, disse Ortuño. O estudioso vê o Brasil como bastante atrativo para o venezuelano, mas muito competitivo e com barreiras linguísticas.

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