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União Europeia e Cuba selam mudanças nas relações diplomáticas

A assinatura do pacto marca o fim da chamada Posição Comum de 1996, por parte da UE, a qual Cuba classificava de "ingerente e discriminatória"

postado em 13/12/2016 07:42
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Apesar de as divergências na área dos direitos humanos continuarem, Cuba e União Europeia (UE) lançaram, ontem, uma nova era de relações diplomáticas plenas. ;Hoje em dia reconhecemos que existe mudança em Cuba e queremos acompanhar esta mudança econômica e social;, declarou Federica Mogherini, alta representante da UE para Política Externa e Segurança. Ela, o colega cubano, Bruno Rodríguez, e 28 chanceleres europeus firmaram o acordo em Bruxelas. A assinatura do pacto marca o fim da chamada Posição Comum de 1996, por parte da UE, a qual Cuba classificava de ;ingerente e discriminatória;, por vincular a cooperação europeia a ;melhorias dos direitos humanos; e à busca de ;favorecer um processo de transição para uma democracia pluralista;.

[SAIBAMAIS]Durante as sete rodadas de negociações para a retomada dos laços diplomáticos, a situação dos direitos humanos e das liberdades políticas na ilha socialista foi um dos principais entraves. No entanto, os negociadores decidiram finalmente abordar as temáticas em um diálogo separado e abriram caminho em direção ao pacto. ;Falamos de tudo amistosamente, em um enfoque construtivo, e penso que esta é a maneira de proceder;, afirmou Mogherini, em alusão aos dois encontros em separado.

;Há muitas áreas de concordância entre a UE e Cuba, e também áreas de profundas divergências, relacionadas principalmente aos âmbitos políticos;, explicou Rodríguez, que defendeu o direito de um país de eleger seu sistema político e a não ingerência exterior em assuntos internos. Negociado por quase dois anos, o acordo estabelece o objetivo de ;iniciar um diálogo (...) com o objetivo de fortalecer os direitos humanos e a democracia; e o reforço das relações, ;com base no respeito mútuo (...) e na soberania;, segundo o documento ao qual a agência France-Presse teve acesso.

Uma fonte diplomática fez questão de frisar que a UE ;não dá um cheque em branco para Cuba;, pois estabelece ;que (as partes) avançarão, em função dos progressos democráticos, de respeito aos direitos humanos;. ;Sempre vamos ter aqui a capacidade de parar, de acelerar ou de suspender o acordo;, destacou. Cuba era o único país latino-americano sem acordo diplomático com o bloco europeu. O restabelecimento da normalização das relações não será afetado pelo governo de Donald Trump, concordam Mogherini e Rodríguez. ;As relações entre Cuba e UE felizmente não passam por Washington;, disse o cubano.

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