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Trump nomeia CEO da pretolífera ExxonMobil como secretário de Estado

Com a nomeação de Tillerson, de 64 anos, "os americanos voltam a ter um líder de classe mundial trabalhando para eles" e também é a "encarnação do sonho americano", disse Trump em uma nota oficial

postado em 13/12/2016 09:54
Engenheiro de formação, Tillerson entrou na ExxonMobil em 1975 e iniciou uma longa carreira que incluiu a administração das operações na Rússia e no mar Cáspio, incluindo o consórcio Sakhalin I, que realizava exploração offshore na ilha Sakhalin, na RússiaDonald Trump anunciou nesta terça-feira a nomeação de Rex Tillerson, CEO da ExxonMobil e empresário de laços fortes com a Rússia, para conduzir o departamento de Estado, em meio à polêmica sobre a interferência russa nas recentes eleições presidenciais.

Tillerson, de 64 anos, fez toda a sua carreira no gigante petrolífero e é considerado um dos empresários com melhores vínculos entre as autoridades russas desde que administrou um consórcio de exploração de petróleo na ilha Sakhalin, no leste da Rússia.

Em 2013, o presidente russo, Vladimir Putin, condecorou Tillerson com a Ordem da Amizade. Nos últimos anos, Tillerson também foi um aberto opositor das sanções econômicas impostas por Washington a Moscou.

[SAIBAMAIS]O nome de Tillerson passou a ser considerado na segunda-feira como o candidato mais firme para conduzir a diplomacia americana, cargo pelo qual se enfrentaram verdadeiros pesos pesados da política e dos negócios.

Em uma nota oficial, Trump destacou que, com a nomeação de Tillerson, "os americanos voltam a ter um líder de classe mundial trabalhando por eles".

À frente da imensa máquina diplomática que é o departamento de Estado, Tillerson terá como prioridade a defesa "dos interesses americanos" e ajudará a "reverter anos de política externa equivocada que enfraqueceram a segurança e a posição dos Estados Unidos no mundo".

Tillerson, disse Trump, "sabe como administrar uma organização global e como navegar de forma bem-sucedida pela complexa arquitetura dos negócios mundiais e pelos diversos líderes estrangeiros".

Relações problemáticas

No entanto, a proximidade de Tillerson com a Rússia pode se converter em um enorme problema para Trump, já que o novo secretário de Estado ainda deverá ser confirmado pelo Senado.

O influente senador conservador John McCain disse na segunda-feira à rede de televisão CNN que Putin "é um tirano e um assassino, não vejo como pode ser amigo de um ex-agente da KGB".

Por sua vez, o também senador republicano Marco Rubio afirmou que "ser um amigo de Vladimir não é uma característica que eu espero de um secretário de Estado".

Além disso, o Congresso, de maioria republicana, se prepara para investigar os ataques cibernéticos e as interferências russas na eleição americana, acentuando a pressão sobre Moscou, embora Trump busque uma aproximação com os russos.

De acordo com o jornal Washington Post, a CIA concluiu em um relatório secreto que a Rússia atuou nos ciberataques durante a campanha eleitoral para ajudar na eleição de Trump, e não com o objetivo mais generalizado de minar o bom desenvolvimento das eleições.

Mas o sucessor de Barack Obama, que assumirá suas funções em 20 de janeiro, rejeitou estas conclusões, que em uma entrevista à Fox News classificou de "ridículas".

"A menos que você surpreenda em flagrante delito os hackers, é muito difícil determinar quem esteve por trás da pirataria", escreveu Trump na segunda-feira em sua conta do Twitter.

Em outubro, os serviços de inteligência americanos acusaram de maneira coletiva a Rússia de ter hackeado os partidos políticos deste país com o objetivo de interferir no processo eleitoral.

"Os russos não são nossos amigos", advertiu na segunda-feira o chefe da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, durante uma coletiva de imprensa.

Primeira advertência chinesa

Além da polêmica com a Rússia, Tillerson terá outro tema delicado a tratar quando assumir seu cargo, em 20 de janeiro: as relações com a China.

Desde o início deste mês, Trump multiplicou suas críticas declarações sobre Pequim, que pareceu, no entanto, ter recebido com benevolência sua eleição em 8 de novembro.

O regime chinês lançou uma primeira advertência na segunda-feira, em nome da defesa de seu "princípio de uma China única" que Trump ameaçou no domingo.

"Não entendo por que devemos estar ligados à política de uma China única, a não ser que cheguemos a um acordo para obter outras coisas, inclusive no comércio", declarou Trump no domingo.

O presidente eleito já havia ignorado o princípio de "uma China única" no início de dezembro ao atender a um telefonema da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, para desgosto do governo chinês.

"Tomamos nota destas informações e estamos gravemente preocupados", advertiu em uma coletiva de imprensa o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang, em alusão às declarações de Trump.
Por France Presse

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