postado em 19/12/2016 06:00
Um grupo de cerca de 50 brasileiros estava ontem retido do lado venezuelano da fronteira, depois que o governo do país vizinho decidiu prorrogar até 2 de janeiro a decisão, anunciada uma semana antes, de fechar as passagens com o Brasil e a Colômbia, como parte de um pacote destinado a %u201Ccombater o contrabando%u201D, segundo o presidente Nicolás Maduro. Também foi prorrogado até a mesma data o prazo para que os venezuelanos troquem nos bancos as notas de 100 bolívares %u2014 as de maior valor no sistema monetário local. O anúncio original, no domingo passado, provocou corrida às agências e protestos em várias cidades, em especial nas regiões fronteiriças.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), os brasileiros retidos na Venezuela pediram ajuda para retornar e estavam sendo atendidos pela embaixada em Caracas e pelo vice- consulado em Santa Elena de Uairén %u2014 único ponto de passagem legal entre o território venezuelano e o estado brasileiro de Roraima. Adotado pela primeira vez na fronteira com o Brasil, o fechamento das passagens causou ontem longas filas, protestos e atritos entre civis e as forças de segurança na ponte que liga as cidades de Urena, na Venezuela, e Cúcuta, na Colômbia. O trajeto é feito regularmente pelos venezuelanos para comprar alimentos, medicamentos e outros bens escassos no país.
Arrocho monetário
Uma semana depois de ter determinado que fossem retiradas de circulação as notas de 100 bolívares, Maduro cedeu aos protestos e adiou a entrada da medida em vigor. A decisão, que provocou tumulto e protestos em várias cidades do país, foi justificada pelo governo chavista em nome de combater o contrabando e a conter a valorização do dólar. O presidente complementou a decisão com o fechamento das fronteiras com o Brasil e a Colômbia, principal rota de comércio externo legal e ilegal.
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"Podem seguir tranquilamente utilizando a nota de 100 para suas compras e suas atividades", disse o presidente, em pronunciamento no dia em que o chavismo lembrou o aniversário da morte do patriarca da independência, Simón Bolívar. "Há cédulas nos bancos públicos e privados, nos caixas eletrônicos e no comércio", garantiu. A nota de maior valor, cotada a US$ 0,15, corresponde a 48% do meio circulante no país, segundo o Banco Central da Venezuela (BCV). Inicialmente, a população tinha 72 horas para trocar as cédulas, mas o prazo foi posteriormente estendido para 10 dias, depois reduzidos para cinco.