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Brasileiros relatam "clima péssimo" em Berlim após suposto atentado

Caminhão invadiu uma feira de Natal na capital alemã nesta segunda-feira (19/12), deixando ao menos nove mortos e 50 feridos

Fernando Jordão - Especial para o Correio
postado em 19/12/2016 21:51
Mariana Souza (E), Wanderson Wanderley (C) e Carlos Frank (D)
Brasileiros que moram em Berlim relatam que a cidade vive um ;clima péssimo; após um caminhão invadir uma feira natalina e deixar ao menos nove mortos e 50 feridos nesta segunda-feira (19/12). A polícia ainda não confirma oficialmente, mas, de acordo com os moradores da capital alemã, a imprensa local já trata o caso como um atentado terrorista.
[SAIBAMAIS] A atriz, cantora e bailarina Mariana Souza mora a 100m do local do acidente, mas não estava em casa na hora em que o caminhão invadiu a feira. "Estava do outro lado da cidade em uma aula. Quando fiquei sabendo, peguei um táxi para vir para casa com meu marido. As ruas estão todas fechadas. Tivemos que vir por um caminho alternativo", explicou.

Segundo Mariana, a Feira de Natal é um local muito movimentado da capital alemã. Ela mesma esteve por lá na noite do último domingo. Após o acidente, o clima na cidade é de total insegurança. "Foi terrível. Muito triste. Só Deus. Estamos com medo porque não sabemos o que mais pode acontecer", afirmou. A polícia ordenou que as pessoas evitassem as ruas ao redor para que as vias estejam livres para os carros de salvamento, de acordo com a artista. "O conselho é que as pessoas fiquem em casa;, completou.

Wanderson Wanderley também é dançarino e malha ao lado do acontecimento. Ele saiu da academia por volta das 18h15 (horário local) e passou pela Feira de Natal junto com um amigo, mas foi para casa antes do acidente. "Uma hora depois um amigo mandou mensagem no Facebook, dizendo pra eu não sair de casa. Fui procurar na internet e vi a notícia. Na televisão daqui estão dizendo que um caminhão roubado, com a placa da Polônia, invadiu a feira e matou essas pessoas. A polícia ainda não havia falado nada de atentado. Acho que para evitar que tivéssemos ainda mais medo. Foi algo bem parecido com o que aconteceu em Paris. Eles estão falando que pode ser que seja um acidente. Que talvez o motorista estivesse bêbado, mas ninguém está acreditando nisso, não;, lamentou.

Já o radioterapeuta Carlos Frank estuda em um local próximo à feira natalina. No momento do acidente, ele já estava no metrô, voltando para sua casa, localizada na outra parte de Berlim. De acordo com ele, a mesma via onde aconteceu o suposto atentado desta segunda-feira ; que é perto de "uma estação de metrô bem movimentada" ; já foi interditada outras três vezes neste ano por suspeitas de ataques terroristas.
Frank crê que incidentes como esse terão reflexo na política. ;Atualmente, temos seis partidos brigando no parlamento. Dois deles são extrema direita. A mídia e os extremistas vão fazer de tudo pra acusar a política da [chanceler alemã, Angela] Merkel como causadora disso. Porém, muitos desses malucos que aprontam essas coisas já nasceram aqui, não vieram de fora;, avaliou.
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O acidente

Na noite desta segunda-feira (19/12), um caminhão atingiu barracas em uma feira de Natal em Breitscheidplatz, uma das áreas comerciais mais movimentadas de Berlim, na Alemanha. Até o momento, nove pessoas morreram e ao menos outras 50 estão feridas.

A polícia trabalha com a hipótese de um atentado terrorista. O incidente, inclusive, lembra um caso semelhante ocorrido em Nice, na França, em julho. Na ocasiçao, 86 pessoas morreram e 434 ficaram feridas.

Por volta das 19h (horário de Brasília), a polícia informou ter detido "uma pessoa que, claramente, é o motorista". Além disso, um passageiro do caminhão teria morrido. A imprensa alemã relata que o veículo tinha placa da Polônia e o dono da empresa responsável por ele não conseguia entrar em contato com o condutor desde o início da tarde.

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou, por meio de seu porta-voz, que está "em luto". "Esperamos que os muitos feridos recebam a ajuda necessária", disse.

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