O imperador Akihito do Japão completou 83 anos nesta sexta-feira (23/12), um aniversário que reuniu no palácio imperial uma multidão não vista em quase três décadas de reinado, em um momento em que a nação debate a possibilidade do soberano abdicar.
Akihito e parte da sua família, como o príncipe herdeiro Naruhito, apareceram por alguns minutos na janela do palácio e foram recebidos por japoneses que todas as idades que balançavam pequenas bandeiras e gritavam "Banzai" ("Dez mil anos", que significa "longa vida"). Como demonstra a presença de cerca de 33 mil pessoas, os japoneses são muito respeitosos com o imperador Akihito e a imperatriz Michiko, que em 1989 inauguraram uma era batizada de "Heisei" ("a conquista da paz"), humanista e humilde, que foi destacada em sua mensagem de sexta-feira.
Cansado, o imperador teme que a velhice lhe impeça de exercer no futuro seu papel de "símbolo da nação". "Felizmente, atualmente estou bem de saúde, mas quando me vejo declinar progressivamente, me preocupo com as dificuldades para cumprir minhas funções", declarou em um discurso televisado em agosto passado. Embora não tenha pronunciado a palavra "abdicação", os japoneses leram suas intenções nas entrelinhas, o que gerou um debate nacional sobre o fim do seu reinado. "Agradeço profundamente a todos os que prestaram atenção às minhas palavras e refletiram com diferentes pontos de vista", declarou nesta sexta-feira o soberano.
Sob a lei que rege a Casa Imperial, o imperador do Japão não está autorizado a deixar o trono enquanto viva. A legislação prevê, porém, que ele possa eventualmente ser dispensado de suas funções - como a assinatura de muitos documentos, a recepção de embaixadores e chefes de estado, o comparecimento a várias cerimônias, as viagens pelo Japão e ao exterior - em caso de doença ou incapacidade mental, mas as condições do sistema de regência são muito restritivas.
Para poder resolver a questão, o primeiro-ministro, o nacionalista Shinzo Abe, nomeou uma comissão de personalidades para abordar como "aliviar as tarefas públicas do imperador e outros tópicos", que deverá preparar um relatório com recomendações sobre a melhor abordagem considerada. As conclusões estão previstas para o início de 2017. Segundo as pesquisas, 90% da população opina que o imperador deve ser autorizado a abdicar, mas está dividida em relação a como isso deve ser feito. A opção mais provável de ser adotada pela comissão é a redação de uma legislação especial que permita ao atual imperador o direito de ceder seu título ao seu primogênito Naruhito.
Por France Presse