Mundo

Ex-presidente argentina Cristina Kircher é acusada de associação ilícita

Em seu última declaração apresentada em maio, a ex-chefe de Estado figura com um patrimônio de quase cinco milhões de dólares em espécie e bens imóveis, que incluem uma empresa hoteleira da família

postado em 28/12/2016 06:17
Buenos Aires, Argentina -A ex-presidente argentina Cristina Kirchner foi acusada nesta terça-feira de associação ilícita e fraude ao outorgar obras de infraestrutura por 2,20 bilhões de dólares a um empresário, em seu segundo processo deste ano.

"O juiz Julián Ercolini processou a ex-presidente por associação ilícita e administração fraudulenta. Ordenou um congelamento de bens de 10 bilhões de pesos (o equivalente a US$ 630 milhões). Investiga-se o direcionamento de obras públicas viárias ao grupo Austral", noticiou o site CIJ, do poder judiciário.

Em seu última declaração apresentada em maio, a ex-chefe de Estado figura com um patrimônio de quase cinco milhões de dólares em espécie e bens imóveis, que incluem uma empresa hoteleira da família.

O caso de Kirchner se soma ao de outros líderes de centro-esquerda da região, como Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, denunciados por supostos casos de corrupção ou administração irregular. Dilma foi destituída pelo Congresso brasileiro.

Kirchner reagiu no Twitter: "Associação ilícita foi a figura penal criada por governos de fato utilizada por todas as ditaduras para perseguir dirigentes opositores".

A ex-mandatária argentina havia apresentado recentemente um documento a Ercolini para pedir a anulação do processo e ressaltar que se trata de "uma manobra formidável de perseguição política" e "um enorme disparate".

Em 11 de novembro, uma corte de apelações tinha confirmado a acusação a Cristina Kirchner em outro caso pelo suposto prejuízo ao Estado com operações cambiais do Banco Central. O tribunal convalidou nesta causa um embargo no valor de 1 milhão de dólares.

Kirchner (2007-2015) é acusada de ter outorgado obras de infraestrutura em favor do empresário Lázaro Báez na província de Santa Cruz (Patagônia, sul). Ercolini também processou Báez e o ex-ministro de Planejamento Julio de Vido. Báez está detido desde abril.

"Não sou amiga, nem sócia comercial de Báez", declarou Cristina Kirchner em 31 de outubro ao sair do tribunal. O processo na Argentina implica que o magistrado encontrou provas para o indiciamento.

O processo seguirá seu curso até a definição de uma data para o julgamento em um tribunal federal.

Crstinha Kirchner afirma que o governo de Mauricio Macri influencia um grupo de juízes para acusá-la e desviar a atenção da sociedade dos graves problemas sociais e econômicos, entre eles uma recessão, com uma queda de 2,4% do PIB ao longo deste ano, segundo o instituto oficial Indec.

O caso ;dólar; -
No caso conhecido como "dólar a futuro", a justiça considera que a operação beneficiou investidores. Eles definiram vendas de divisas a março na razão de 10 pesos por dólar em novembro de 2015, quando o governo tentava reduzir as expectativas de desvalorização. Mas em dezembro, com a posse de Macri, a taxa de câmbio foi fixada em 14 pesos por dólar e os especuladores ganharam fortunas. Kirchner afirma que se há delito, este foi cometido pelos desvalorizadores.

No caso de concessão de licitações em Santa Cruz, Ercolini destacou que a empresa de Báez ganhou contratos de 2,2 bilhões de dólares durante o governo de Kirchner. O valor implica que a Austral venceu 78,4% das disputas para realizar obras.

A associação ilícita da qual suspeita Ercolini também teria contado com a participação do ex-vice-ministro de Obras Públicas José López, também processado na terça-feira. López foi detido em junho quando tentava esconder uma bolsa com nove milhões de dólares em um convento da periferia de Buenos Aires.

Por France Presse

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação