postado em 29/12/2016 16:56
Lucía Hiriart, viúva do ditador chileno Augusto Pinochet, negou ter ficado com o dinheiro da venda de imóveis da fundação social presidida por ela, no âmbito de uma investigação por malversação de recursos públicos.
"Todos os recursos produto dessas vendas voltaram para o patrimônio da Cema Chile. Nunca se desviou esse dinheiro para fins particulares, nem meus, nem dos meus familiares", declarou Hiriart, em 14 de dezembro, segundo trechos de sua declaração judicial publicada nesta quinta-feira (29) pelo jornal chileno El Mercurio.
"Por mim não passava nenhum centavo", assegurou a viúva do ditador, de 94 anos, ao juiz Guillermo de la Barra, ao prestar declaração na qualidade de "denunciada".
"Quero dizer que não acredito nisso", disse à imprensa a ministra chilena dos Bens Nacionais, Nivia Palma, que até agora conseguiu identificar 134 imóveis de propriedade da Fundação Cema Chile. Desses 134, 118 foram avaliados em cerca de US$ 120 milhões.
Segundo a denúncia apresentada à Justiça, somente entre 2009 e 2015 essa Fundação teria vendido 36 imóveis por cerca de US$ 18,4 milhões. Investiga-se se esse montante teria ido parar nas contas da família de Pinochet.
Lucía está internada há dois dias no Hospital Militar de Santiago sob "diagnóstico reservado", confirmou uma fonte judicial à AFP.
Considerada a mulher forte por trás da sangrenta ditadura do marido (1973-1990), ela se manteve afastada da cena pública desde a morte de Pinochet em dezembro de 2006.
Criada para capacitar as donas de casa para ofícios menores, a Fundação Cema Chile foi usada para ampliar a base de apoio popular ao governo de Pinochet, com centros instalados nas principais cidades do país.
Com um imenso patrimônio imobiliário e quase sem funcionamento, foi apenas no ano passado - depois de uma denúncia na imprensa - que o peso da Justiça caiu sobre a instituição, da qual era, até recentemente, sua presidente vitalícia.
Por France Presse