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Cessar-fogo na Síria é respeitado por maior parte dos países

O acordo de cessar-fogo, apadrinhado por Rússia e Turquia, não envolve beligerantes considerados grupos terroristas, como a organização extremista Estado Islâmico (EI)

postado em 30/12/2016 09:36
O cessar-fogo em vigor na Síria era globalmente respeitado nesta sexta-feira (30/12), mas esporádicos combates relembraram a fragilidade do acordo, promovido por Rússia e Turquia.

Essa trégua global, a primeira desde setembro, deve ser o início das negociações de paz no Cazaquistão, impulsionadas por Moscou, Teerã e Ancara para tentar pôr fim a uma guerra que deixou mais de 310 mil mortos e milhões de refugiados desde 2011.

O acordo foi fechado sem os Estados Unidos, uma semana depois da retomada de Aleppo pelo governo de Bashar al-Assad, sua vitória mais importante, conquistada graças ao apoio do Irã e Rússia.

O cessar-fogo não diz respeito aos beligerantes considerados grupos "terroristas", como o grupo extremista Estado Islâmico (EI) ou o Fateh al-Sham (ex-Frente al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria).
Desde sua entrada em vigor à 00H00 local (20H00 de Brasília), o cessar-fogo foi pontuado por combates esporádicos, mas sem que nenhuma das partes tenha denunciado uma violação flagrante.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou sobre um morto por disparo de um atirador de elite das forças governamentais na região da Ghuta oriental, reduto dos rebeldes.

Nessa região e em Idlib dezenas de pessoas aproveitaram a calma para se manifestar contra o presidente Assad.

A 15 quilômetros de Damasco ocorreram confrontos entre o governo e os rebeldes na região de Wadi Barada, uma das principais fontes de abastecimento de água potável da capital, segundo o OSDH.

"Os enfrentamentos são esporádicos e acompanhados de ataques realizados por helicópteros contra posições de grupos rebeldes e do Fateh al-Sham", detalhou.

Facções excluídas do acordo atacaram posições do governo próximo à cidade de Mahrada, na província de Hama, e a força aérea síria respondeu com 16 ataques aéreos, segundo o OSDH.

Também foram vistos outros incidentes, como um disparo de artilharia por parte do governo na província de Deraa, indicou o Observatório.

"Apoio a trégua e espero que dure", disse à AFP Ahmed Astify, 31 anos, em Idlib. "Todo mundo, rebeldes ou habitantes, já está cansado", acrescentou.

"Evolução positiva"

Nas últimas semanas, o conflito entrou em uma nova fase graças ao impulso dado por Rússia e Irã, aliados de Damasco, e da Turquia, que apoia os rebeldes.

Até agora, todas as tréguas negociadas entre Washington e Moscou - várias desde 2011 - foram rompidas em pouco tempo.

E esta é a primeira vez que a Turquia promove um acordo com estas características.

A cooperação russo-turca no conflito sírio foi retomada em junho após meses de crise, permitindo impor um cessar-fogo em Aleppo para a retirada de civis e combatentes dos últimos bairros insurgentes.

Segundo a Rússia, o cessar-fogo foi aprovado pelas "principais forças" dos rebeldes, sete grupos no total, entre eles o poderoso Ahrar al-Sham.

Moscou submeteu nesta sexta-feira ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução para apoiar o cessar-fogo que ajudou a negociar na Síria.

Negociações em Astana

"Foram assinados três documentos: o primeiro entre o governo e a oposição armada sobre o cessar-fogo no conjunto do território sírio", o segundo sobre as medidas para supervisionar o respeito à trégua, e o terceiro, que é "uma declaração sobre a vontade (das partes) de lançar negociações de paz", indicou o presidente russo, Vladimir Putin, na quinta-feira.

O novo cessar-fogo, classificado de "oportunidade histórica" pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deverá abrir caminho a novas negociações de paz previstas em janeiro na capital do Cazaquistão, Astana.

Este encontro precederá negociações inter-sírias auspiciadas pela ONU, previstas para 8 de fevereiro em Genebra.

Astana "não é uma alternativa a Genebra", insistiu o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, mas "uma etapa complementar".

"Qualquer esforço para acabar com a violência, salvar vidas e criar as condições para uma retomada das negociações políticas construtivas é bem-vindo", reagiu o Departamento de Estado.

Por France Presse

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