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Polêmico ministro da Justiça designado por Trump promete proteger minorias

Jeff Sessions também se comprometeu a tornar "sua prioridade" a luta contra a chegada de pessoas em situação ilegal ao país

O senador conservador Jeff Sessions, escolhido por Donald Trump como próximo secretário de Justiça, prometeu nesta terça-feira proteger os direitos das minorias, especialmente dos negros, em uma sessão parlamentar interrompida por manifestantes que lhe acusam de racismo.

"Entendo profundamente a história de direitos civis e o impacto terrível que a discriminação incessante e sistemática, assim como as restrições ao direito de votar, têm tido sobre nossos irmãos e irmãs afro-americanos", disse Sessions ao início de uma audiência de confirmação no Senado, acompanhada de perto pela mídia.

"Devemos seguir em frente e nunca para trás. Entendo as reclamações da Justiça e a igualdade da comunidade LGBT. Garantirei que os estatutos que protegem seus direitos civis e sua segurança sejam respeitados em sua totalidade".

Sessions, 70 anos, também se manifestou contra a proibição da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos (medida sugerida por Trump durante a campanha) e rejeitou a prática de tortura, mas defendeu a manutenção da prisão de Guantánamo, um "local seguro para encerrar prisioneiros".
Pessoalmente oposto ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, Sessions prometeu respeitar as decisões da Suprema Corte sobre estes temas.

Sessions também considerou "constitucional" anular o decreto do presidente Barack Obama que impede a deportação dos "dreamers": mais de 700 mil jovens trazidos ilegalmente aos Estados Unidos por seus pais, mas não precisou o que pretende fazer sobre o caso.

No começo da sessão, dois homens fantasiados com as roupas da organização racista Ku Klux Klan, com capuz e túnica branca, agradeceram ironicamente a Trump que o senador conservador esteja em posição de ser o próximo procurador-geral.

"Você não pode me prender, sou um homem branco", disse um dos manifestantes ao ser expulso pela Polícia. A sessão foi continuamente interrompida por outros grupos.

"Não a Trump, não à KKK, não aos Estados Unidos fascistas", gritaram outros dois homens, um deles negro, antes de serem expulsos da sala por policiais.

"Essas acusações são falsas", disse Sessions. "Essa caricatura sobre mim em 1986 não é correta", defendeu-se, citando seu envolvimento em vários casos de direitos civis, incluindo um em que conseguiu a condenação de um membro da KKK por assassinar um jovem negro.

A nomeação gerou resistência por sua história de acusações de racismo na década de 1980, quando era procurador federal no Alabama, antigo coração da segregação racial nos Estados Unidos.

Em 1986 ele disse que um advogado branco era uma "desgraça para sua raça" por defender clientes negros. E teria chamado um procurador negro de "boy", termo com forte conotação racista nos Estados Unidos. Tudo isso impediu sua confirmação para o cargo de juiz federal.

Sessions abordou a polêmica negando as acusações de não ter protegido o direito ao voto de eleitores negros quando era procurador e de ter simpatia pela KKK. "Essas acusações são falsas", afirmou.

Inimigos políticos

Sessions, que é contra o aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, também se comprometeu a tornar "sua prioridade" a luta contra a chegada de pessoas em situação ilegal ao país.

"Vamos ajuizar aqueles que repetidamente violam nossas fronteiras. Será minha prioridade enfrentar essas crises de maneira vigorosa, efetiva e imediata", afirmou.

Sessions, de 70 anos, foi o primeiro senador a apoiar Donald Trump durante a campanha pelas primárias do Partido Republicano, e deu apoio total ao plano do presidente eleito de construir um muro na fronteira com o México e expulsar milhões de pessoas em situação ilegal.

O senador, que durante a campanha apoiou as acusações de Trump contra a candidata democrata Hillary Clinton pelo uso de e-mail pessoal e a Fundação Clinton, reconheceu que isso colocou "em dúvida sua objetividade" e prometeu que não interferirá em caso de investigação.

"Este país não castiga seus inimigos políticos, mas este país garante que ninguém esteja acima da lei", afirmou.

Com a sessão desta terça-feira começou o processo de audiências para confirmar os cargos de membros do gabinete de Donald Trump, em meio a preocupações pela eventualidade de que os designados não tenham sido suficientemente investigados sobre assuntos éticos ou financeiros.

Além de Sessions, os legisladores terão uma audiência com o general Johan Kelly, nomeado secretário de Segurança Interna.

Outros três nomeados têm audiências programadas para quarta-feira, incluindo Rex Tillerson, o magnata petroleiro designado por Trump como secretário de Estado.

Trump não deu sinais de estar preocupado por essas audiências no Congresso. "Correrá tudo bem", disse a jornalistas na segunda-feira. "Acredito que todos eles passarão".

Por France Presse