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Em último discurso, Obama defende democracia e legado de oito anos

No discurso de despedida, em Chicago, Barack Obama, declarou a fé no poder do povo em realizar mudanças

postado em 11/01/2017 09:37

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Há oito anos, Barack Obama surgiu diante de uma multidão, em Chicago, para celebrar a sua primeira vitória na disputa pela Presidência dos Estados Unidos com uma mensagem de esperança e de empoderamento. Ao fim de dois mandatos, o democrata escolheu a cidade que o impulsionou à carreira política para recorrer a sentimentos semelhantes em sua despedida do comando do país. A 10 dias de passar o bastão da Casa Branca ao republicano Donald Trump, o líder democrata reafirmou a fé nos princípios que guiaram a fundação do Estado americano e encorajou os ouvintes a se engajarem na vida pública durante a nova etapa que surge. ;Após oito anos como seu presidente, eu ainda acredito nisso. E não é apenas minha crença. É o pulsar do coração da ideia da nossa América, nosso vigoroso experimento de autogestão;, exortou.

Assim como nos discursos de vitória após as eleições de 2008 e 2012, Obama estava em casa. Ele subiu ao palco do centro de convenções McCormick Place após uma apresentação do cantor Eddie Vedder, vocalista da banda Pearl Jam, e do coral Voice of Chicago e agradeceu o apoio daqueles que o tornaram ;um presidente e um homem melhor;. Em meio aos gritos do público, que pedia ;mais quatro anos;, Obama apresentou uma fala marcada pela reflexão sobre os desafios do país.

[SAIBAMAIS];Eu vim pela primeira vez para Chicago nos meus 20 e poucos anos, ainda tentando entender quem eu era, ainda procurando por um propósito para minha vida;, lembrou. ;Foi nas ruas onde eu testemunhei o poder da fé e a dignidade dos trabalhadores, diante das dificuldades e das perdas. Foi aqui que eu aprendi que mudança apenas acontece quando pessoas comuns se envolvem, se engajam e se unem para demandar isso;.

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Obama reconheceu que os EUA não nasceram perfeitos e que existem desafios pela frente, mas arrancou aplausos da plateia à medida que relembrava as conquistas de seu governo ; como o plano para subsidiar os seguros de saúde (Obamacare), a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a assinatura do acordo nuclear com o Irã. ;Vocês responderam às esperanças das pessoas. Por causa de vocês, a América é um lugar melhor e mais forte do que era antes;, disse.

O democrata conclui a mais importante etapa de sua trajetória política com aprovação popular de 56%, segundo sondagem do instituto de pesquisas Gallup. À medida que a posse de Trump se aproxima, Obama passou a evitar críticas diretas ao sucessor. Ao mencionar a transmissão de cargo ao republicano, ele contornou as vaias da plateia, enaltecendo a passagem pacífica de mandato.

Apesar da aparente disposição em garantir que a transição de governo ocorra sem grandes sobressaltos, o homem que chegou ao poder como o primeiro presidente afro-americano do país tem trabalhado para que parte das políticas que compõem o seu legado não seja sumariamente revogada pelo sucessor. Sem fazer críticas diretas a Trump, elencou desafios à democracia americana, como a ainda delicada relação entre as raças e o isolamento dos americanos em ;bolhas; que dificultam o diálogo. Obama definiu a ;liberdade; como a ;grande dádiva; dada pelos fundadores do país e considerou ;imperativo; que os americanos se ;esforcem juntos para atingir um bem maior;. Também rejeitou a discriminação aos muçulmanos. Ele se emocionou ao homenagear as filhas, Malia e Sasha, e a mulher, Michelle Obama. ;Pelos últimos 25 anos, você não foi somente minha esposa e mãe das minhas filhas. Foi minha melhor amiga;, disse, ao enxugar as lágrimas.

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