Zabihullah Mujahid vive como nômade no Afeganistão com a mulher e os filhos. Por ser um dos principais inimigos de Cabul, é obrigado a se mudar de tempos em tempos. Porta-voz da milícia fundamentalista islâmica Talibã e mestre em estudos religiosos, foi funcionário do Ministério da Cultura, durante os anos em que o regime comandou o país, entre 1996 e 2001. Uma aura de segredo permeia a figura de Zabihullah: as fotos que circulam pela internet não são oficialmente confirmadas.
Em entrevista exclusiva ao Correio, Zabihullah admitiu que o Talibã está envolvido no duplo atentado próximo ao prédio do Parlamento Nacional, na terça-feira. Um homem-bomba se explodiu ao lado de um ônibus que aguardava para levar funcionários do Legislativo para casa. Pouco depois, um carro-bomba foi pelos ares do outro lado da rua. Os ataques mataram pelo menos 30 pessoas e feriram mais de 50.
O porta-voz do Talibã também confirmou que o grupo atacou em Lashkar Gah, na província de Helmand (sul), matando sete pessoas. No entanto, Zabihullah descartou que a milícia esteja por trás do atentado contra a residência do governador da província de Kandahar. Uma bomba escondida no sofá da casa de hóspedes foi detonada durante o jantar, matando 12 pessoas, e ferindo o próprio governador, além do embaixador dos Emirados Árabes Unidos.
Veja a entrevista de Zabihullah:
O Talibã tem envolvimento com os atentados em Cabul e em Kandahar? Qual foi o objetivo desses ataques?
O ataque de Cabul nós fizemos. Todos aqueles que foram mortos eram do serviço de inteligência. O ataque de Kandahar nada tem a ver conosco. Nós não o fizemos.
Foi uma das ações mais sangrentas do Talibã nos últimos meses?
Foi um curso ordinário de nossas operações contra o inimigo. Esses ataques continuarão. Inshallah ("Se Deus quiser", em árabe).
Quais as metas do Talibã e porque vocês estão aumentando os ataques?
Nos ataquem lá. Encontraremos o inimigo onde ele estiver atacando.