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Itália condena oito agentes da repressão sul-americanos por Plano Condor

Plano Condor foi um pacto para sequestrar e executar opositores, aplicado pelas ditaduras militares de Argentina, Uruguai, Bolívia, Peru e Chile

Agência France-Presse
postado em 17/01/2017 17:44
A Justiça italiana condenou nesta terça-feira (17/1) à prisão perpétua oito repressores sul-americanos, acusados do desaparecimento e morte de mais de 40 opositores no âmbito do "Plano Condor", o pacto entre ditaduras dos anos 70 e 80 na América do Sul contra dissidentes.

Os juízes da Terceira Corte de Roma também decidiram absolver outros 18 acusados, o que gerou decepção e raiva entre familiares e autoridades que assistiram à leitura da sentença na sala de segurança máxima da prisão romana de Rebibbia.

Entre os condenados estão dois bolivianos, três peruanos, dois chilenos e um uruguaio, todas autoridades reconhecidas do Plano Condor, o pacto para sequestrar e executar opositores, aplicado pelas ditaduras militares de Argentina, Uruguai, Bolívia, Peru e Chile.

Entre os condenados à revelia estão os bolivianos Luis García Meza e Luis Arce Gómez, atualmente detidos em La Paz.

Também foram condenados à prisão perpétua os chilenos Hernán Jerónimo Ramírez e Rafael Ahumada Valderrama, e os peruanos Francisco Morales Bermúdez, Pedro Richter Prada e Germán Ruiz Figueroa.

Os juízes também pediram prisão perpétua para o uruguaio Juan Carlos Blanco, ex-ministro de Relações Exteriores, condenado pela morte de Alvaro Daniel Banfi, metralhado junto com outros militantes de esquerda em outubro de 1974 perto de Buenos Aires, Argentina.

A maioria dos absolvidos é de uruguaios, militares, agentes dos serviços secretos aos quais a Justiça italiana considera não haver provas suficientes de que cometeram os crimes pelos quais são julgados.

Após cinco horas de deliberações, os cerca de dez juízes populares decretaram a absolvição também do capitão da Marinha Jorge Néstor Troccoli, único dos acusados residente na Itália, que não compareceu à leitura da sentença.

"Não tenho palavras para comentar uma sentença como esta. Depois de uma luta tão longa, os juízes não reconheceram a responsabilidade individual dos acusados. Um critério muito discutível. Vamos apresentar recurso", afirmou, desconcertada, à AFP e com lágrimas nos olhos Cristina Mihura, viúva do desaparecido ítalo-uruguaio Armando Bernardo Arnone Hernández.

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