Uma série de terremotos, de magnitudes compreendidas entre 5,3 e 5,7, atingiram nesta quarta-feira (18/1) o centro da Itália, zona castigada pelos terremotos do ano passado e pelas fortes nevascas que dificultam a chegada de ajuda.
Uma mãe e seu filho foram resgatados pelos bombeiros sob os escombros de sua casa na localidade de Castiglione.
Os dois sofriam hipotermia em razão do frio e precisaram ser levados de helicóptero a um hospital local, segundo anunciou os serviços de emergência.
A Defesa Civil explicou que o resgate aconteceu "em condições extremas", em meio a uma tempestade de neve.
"Foi apocalíptico. Ficamos petrificados. Setimos o primeiro tremor, depois outo, e mais ainda mais forte. As pessoas gritavam. Foi terrível", relatou à AFP Nello Patrizi, um fazendeiro de 63 anos de Montereale.
O primeiro tremor, de magnitude 5,3, foi registrado às 10h25 locais (07h25 de Brasília), segundo vários institutos de medição.
O outro, mais forte e mais longo, ocorreu por volta das 11h14 (08h14 de Brasília) e o terceiro (5,5) às 11h25 (08h25 de Brasília).
Os três fortes tremores também foram sentidos em Roma, Florença e Nápoles, onde centenas de pessoas saíram de suas casas."Felizmente não há vítimas, mas o governo se mobilizou ante a emergência", declarou, em Berlim, o chefe de governo, Paolo Gentiloni.
Os epicentros se localizaram entre Montereale, Capitignano, Campostoto, Barete, Pizzoli e Amatrice, segundo a Defesa Civil.
Amatrice foi a localidade mais afetada pelo terremoto de magnitude 6,0 que no dia 24 de agosto deixou mais de 300 mortos.
Toda esta região, localizada em meio a montanhas, sofre há dez dias com tempestades de neve e vento que deixaram muitas das estradas impraticáveis e na terça-feira provocaram o desamamento do hospital de campanha provisório instalado com módulos infláveis em Amatrice.
"Emergência monstruosa"
"Não sei o que fizemos de mal, ontem nevascas de até 2 metros e agora o terremoto. O que se pode dizer? Não tenho palavras", comentou desconsolado à televisão o prefeito de Amatrice, Sergio Pirozzi."A situação é dramática, as estradas não podem ser utilizadas devido à neve, temos poucos meios, outros estão danificados. Não podemos enfrentar esta guerra sem arcos e flechas", lamentou Stefano Petrucci, prefeito de Accumoli, outras das aldeias atingidas pelos terremotos.
"Vivemos uma emergência monstruosa. Estamos tentando superar um muro de neve para ajudar", reconheceu o prefeito de Ascoli, Guido Castelli.
As tempestades de neve dos dias anteriores complicam a transferência de equipamentos e maquinaria e teme-se pela população, sobretudo idosos e crianças, que há vários dias estava sem eletricidade e com problemas de comunicação.
As regiões de Abruzzo, Lazio e Marcas foram as mais afetadas pelos terremotos do ano passado, com desabamentos de edificações históricas, aldeias inteiras arrasadas.
Na capital, as autoridades suspenderam por duas horas os serviços de trem subterrâneo por razões de segurança e a sede do ministério das Relações Exteriores, assim como algumas escolas, foram evacuados.
A sede central da universidade La Sapienza também foi evacuada e os museus do centro de Roma foram fechados por duas horas.
As escolas de Abruzzo e Marcas que não haviam sido fechadas devido à neve foram evacuadas pelos terremotos.
Os serviços de emergência também mobilizaram helicópteros para controlar o impacto dos tremores e tentar socorrer as pessoas bloqueadas pelas nevascas, com temperaturas que chegam a 12 graus negativos.
Até o momento, não há informações sobre desabamentos, mas os moradores da cidade de Áquila, traumatizada pelos terremotos do ano passado, saíram às ruas e foram registradas cenas de pânico.
O prefeito, Massimo Cialente, afirmou que até o momento não foram registrados danos, mas reiterou que a "situação é muito difícil, já que é preciso somar às nevascas o terremoto".
Em Amatrice, a antiga e bela cidade montanhosa devastada por um terremoto anterior, o que restava da torre medieval desabou.
O exército foi mobilizado para enfrentar a dupla emergência: responder aos pedidos de ajuda e o transporte de doentes, de uma população que vive há mais de seis meses em condições precárias.