Braitner Moreira
postado em 20/01/2017 06:00
O primeiro dia de Donald Trump no comando dos Estados Unidos arrisca terminar com o gabinete presidencial vazio. A sexta-feira começou sem que nenhuma indicação do magnata tenha conseguido a aprovação pelo Senado norte-americano, apesar de o Partido Republicano manter ampla maioria na casa e de as eleições terem sido realizadas 73 dias atrás. A demora ocorre graças a uma ofensiva da oposição, que conseguiu estender o tempo das sabatinas aos indicados de Trump e postergar as datas para a votação. A expectativa de Mitch McConnell, líder da maioria no Senado, é de que ao menos a equipe responsável pela segurança nacional seja aprovada hoje ; o secretário da Defesa, James Mattis; o chefe da Agência Central de Inteligência (CIA), Mike Pompeo; e o conselheiro sobre Segurança Nacional, Michael Flynn.
Os rumores são de que haveria um acordo costurado com o senador Schuck Schumer, líder da minoria, para a aprovação dos nomes menos controversos, como o de Elaine Chao, indicada para a Secretaria de Transportes. A lentidão do processo se reflete na decisão de Trump de manter temporariamente 50 funcionários do alto escalão de Obama para ;garantir a continuidade do governo;, nas palavras do porta-voz do presidente eleito, Sean Spicer.
O Senado dificilmente rejeita nomeações para o gabinete, especialmente quando o partido do presidente mantém a maioria do Senado. A casa conta com 100 cadeiras, 52 delas ocupadas por republicanos. Como, em caso de empate, seria o vice-presidente eleito o responsável por tomar uma decisão final, Trump teria de ser traído por três correligionários para que o nome fosse barrado.
A posse presidencial sem um gabinete minimamente estruturado é algo incomum na história recente da Casa Branca. O democrata Barack Obama, por exemplo, tinha sete secretários aprovados pelo Senado antes de assumir o cargo oficialmente, em 2009 ; o mesmo número do republicano George W. Bush, oito anos antes. O mais próximo da marca de Trump pôde ser visto na gestão de Bill Clinton, que, em 1993, tomou posse com três secretários oficializados. Mas a situação de Clinton estava mais bem encaminhada do que a de Trump. No segundo dia de governo, o Senado tinha confirmado 24 indicações para o gabinete, restando uma em aberto. A repetição do cenário é praticamente impossível. Se o Partido Democrata mantiver a ;barricada; no Legislativo, a aposta dos lobistas é de que Trump tenha o gabinete completo no fim de fevereiro.