postado em 20/01/2017 09:00
Apesar do trabalho ininterrupto nos escombros do hotel Rigopiano, em Farindola, na província de Pescara, na Itália, as equipes de resgate não conseguiram retirar as vítimas da avalanche que atingiu o local na última quarta-feira (18/1).
As condições de trabalho são extremas, com temperaturas abaixo de zero e nevascas temporárias, e os bombeiros e membros da Defesa Civil só tem pás e as próprias mãos para escavar o local - já que o uso de equipamentos mecânicos traria riscos à vida dos profissionais. Cães farejadores ajudam a tentar localizar onde estariam as vítimas do desastre.
"Desde ontem estamos trabalhando em condições difíceis na busca por sobreviventes. Os cães buscam pelos cheiros, mas precisamos escavar 4, 5 metros de neve antes de chegar ao chão", informou o responsável pelos socorristas de Valdossola, Matteo Gasparini.
Além dos especialistas de Valdossola, há profissionais das comunas de Canavese, Cúneo, Mondov;, Valsusa e Valsangone. Essas equipes chegaram ao local na quinta-feira (19/1) após solicitação da Coordenação Nacional da Defesa Civil da Itália.
Outros cinco carros com equipamentos e bombeiros partiram na madrugada desta sexta-feira (20/1) de outras regiões do centro da Itália.
"Uma coisa inacreditável, foi chocante, nunca vi nada do tipo", disse o membro do Socorro Alpino, Christian Labanti. "Nós conseguimos completar alguns passos, mas aí encontramos um muro de neve e escombros", completou Labanti.
O número de pessoas que estava no Rigopiano na hora do acidente é incerto. O subsecretário regional de Pescara, Mario Mazzoca, informou que devem ser 35 pessoas - entre hóspedes e funcionários. As equipes de buscas trabalham com a informação de que há entre 25 e 30 feridos, já que três pessoas já foram retiradas com vida logo após a chegada dos socorristas e outros três corpos foram encontrados.
A Procuradoria de Pescara já abriu uma investigação por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar sobre a avalanche que destruiu o hotel. De acordo com os sobreviventes, todos os hóspedes e funcionários já estavam no hall de entrada e esperavam por um caminhão limpador de neve para poder abandonar o local. Eles estavam assustados com a série de terremotos que atingiu o país naquela quarta-feira e foram orientados a deixar o hotel.
No entanto, com a demora do caminhão, que deveria ter chegado às 15h (hora local), eles ficaram esperando no interior do prédio. Por volta das 17h30, a avalanche atingiu em cheio o estabelecimento, que foi arrastado por mais de 10 metros.
Oito vivos
Socorristas resgataram oito pessoas com vida do hotel soterrado há dois dias por uma avalanche de neve em uma região montanhosa do centro da Itália, o que alimenta nesta sexta-feira a esperança de encontrar mais sobreviventes entre os escombros.
Entre os oito resgatados há dois menores "de cinco ou seis anos", declarou à AFP Marco Bini, da Guarda de Finanças.
O milagroso resgate ocorreu após 42 horas de buscas desesperadas por parte dos socorristas, que não perderam as esperanças de encontrar pessoas com vida.
Todos os sobreviventes estão em bom estado de saúde, apesar das baixas temperaturas que precisaram suportar, e contaram ter feito uma fogueira para resistir.
"Vimos fumaça, havia alguns pequenos incêndios dentro dos escombros cobertos por metros de neve, e deduzimos que, se havia fogo, havia ar, então começamos a escavar", contou Bini.
A maioria dos sobreviventes foram encontrados na zona da cozinha do hotel, onde uma bolha de ar havia sido criada.
"Seus rostos diziam tudo, era como se tivessem renascido. Ouviram o som das escavações e estavam certos de que íamos encontrá-los", comentou o responsável policial.
"Depois de tanto esforço, estamos muito satisfeitos", confessou.
Vários helicópteros se deslocaram à região do hotel para transportar os sobreviventes aos hospitais mais próximos, em Pescara e Aquila.
Os socorristas buscavam sem parar desde a madrugada de quinta-feira e em condições muito difíceis devido às nevascas e ao frio 30 pessoas que estavam no hotel, soterrado na tarde de quarta-feira por uma avalanche.
Esta provavelmente foi provocada por uma série de fortes terremotos que atingiram na quarta-feira esta região do centro da Itália.
O primeiro contato com os sobreviventes ocorreu pouco depois das 11h00 da manhã locais (08h00 de Brasília) e os bombeiros puderam falar em várias ocasiões com eles.
Segundo as estimativas, outras 20 pessoas, entre clientes, funcionários e vários visitantes, ainda estão sob os escombros. Todos os hóspedes são de nacionalidade italiana que estavam na região de férias.
- Investigação por ;homicídio culposo; -
Segundo as impressionantes imagens transmitidas pelos bombeiros, uma mulher e uma criança foram retirados de um buraco criado na neve endurecida pelo aumento da temperatura.
Dois dias depois da tragédia, o Ministério Público de Pescara abriu uma investigação judicial por "homicídio culposo", já que se suspeita que ocorreu negligência por parte dos administradores do hotel, assim como das autoridades locais, ao autorizar a abertura da localidade.
O hotel de luxo Rigopiano estava em uma zona montanhosa isolada perto de Farindola, nos Apeninos, dentro do Parque Nacional do Gran Sasso.
O edifício de três andares se reduziu a um, coberto por escombros, árvores caídas e vidros quebrados. A piscina coberta congelou após a ruptura da proteção que a envolvia.
Lorenzo Gagliari, entre os primeiros do grupo de socorristas a chegar ao hotel, depois de esquiar por quatro horas sob uma tempestade de neve e rajadas de vento, contou à AFP que precisou escavar inclusive com as mãos.
"Eu estava escavando com a pá, depois com as mãos, com um galho. A sonda nos informava que havia alguém, a três metros de profundidade da neve, e eu dizia ;resista, resista, que te levo para casa;", contou.
A região foi atingida na quarta-feira por uma série de fortes terremotos e nevascas históricas, e cerca de 7.000 pessoas, incluindo 3.000 soldados, foram mobilizados para ajudar as vítimas, assim como as centenas de moradores em aldeias isoladas que há dias estão sem eletricidade..
Por Agência Brasil e France Presse