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Grupo Estado Islâmico volta a vandalizar cidade síria de Palmira

Em maio de 2015, o EI se apoderou pela primeira vez de Palmira, destruindo os mais belos templos da cidade milenar, o Arco do Triunfo, várias torres funerárias e o Leão de Palmira

Agência France-Presse
postado em 20/01/2017 16:56
Imagens aéreas da destruição
Os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) confirmaram a triste fama de destruidores do patrimônio mundial, ao devastar e saquear tesouros da cidade antiga síria de Palmira, onde já tinha provocado estragos no ano passado.

Em outra frente da guerra na Síria, o grupo extremista rival, Fateh al-Sham (ex-Frente al Nusra, braço síria da Al Qaeda), foi alvo de bombardeios aéreos na província setentrional de Aleppo. Morreram pelo menos 40 de seus combatentes.

Mais de um mês depois de ter reconquistado Palmira das forças do regime de Bashar Al Assad, o EI promoveu novas destruições na cidade da província central de Homs, inscrita pela Unesco no patrimônio mundial da Humanidade.
"Fontes locais nos informaram que o Daesh (acrônimo em árabe do EI) destruiu o Tetrápilo, um monumento de 16 colunas, e fotografias por satélite recebidas (na quinta-feira) de nossos colegas da Universidade de Boston mostram danos na fachada do teatro romano", declarou à AFP Maamun Abdelkarim, diretor de Antiguidades.

O Tetrápilo foi construído na época de Diocleciano, no final do século III. Era um quadrado com quatro colunas em cada esquina. Das 16 colunas só havia uma da época, as outras foram reconstruídas com cimento pelo serviço de Antiguidades sírio em 1963. As originais eram de granito rosa procedente do Egito.

Destroços e execuções

O teatro romano conta com nove fileiras de arquibancadas. Data do século I depois de Cristo. Durante a primeira ocupação da cidade, de maio de 2015 a março de 2016, o EI o usou para as execuções públicas.

"Desde o primeiro dia, eu esperava o pior. Já fomos testemunhas do terror durante a primeira ocupação da cidade, e francamente não achava que Palmira fosse ser ocupada pela segunda vez", acrescentou Maamun.

"A batalha por Palmira é cultural e não política. Nunca entendi como é possível que a comunidade internacional e os atores do conflito sírio aceitassem que Palmira caísse", acrescentou.

A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, denunciou "um crime de guerra e uma perda imensa para o povo sírio e para a humanidade".

A Rússia classificou de "verdadeira tragédia" essas destruições, e lamentou que "os atos bárbaros continuem" em Palmira.

Em maio de 2015, o EI se apoderou pela primeira vez de Palmira, destruindo os mais belos templos da cidade milenar, o Arco do Triunfo, várias torres funerárias e o Leão de Palmira.

O grupo radical, responsável por atrocidades nas áreas que controla, executou 280 pessoas em Palmira, antes de ser expulso pelo exército sírio e seu aliado russo no fim de março de 2016.

No dia 11 de dezembro, os extremistas recuperaram Palmira, após uma grande ofensiva.

No deserto, nos arredores de Palmira, os combates continuam entre os radicais e as forças do regime. Há semanas o EI tenta avançar para o aeroporto de Tayfur para o acesso à estrada que une Palmira com a cidade de Homs.

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