Agência France-Presse
postado em 25/01/2017 09:46
A ONG anticorrupção Transparência Internacional (TI) alertou net quarta-feira contra a "corrupção sistêmica" e a "desigualdade social" que geram um "contexto propício para os políticos populistas", e criticou o início de governo do presidente americano Donald Trump.
"Durante 2016 vimos que em todo o mundo a corrupção sistêmica e a desigualdade social se reforçam reciprocamente, e isso provoca decepção nas pessoas em relação à classe política", indica o comunicado da ONG com sede em Berlim após a divulgação de seu novo "Índice de Percepção da Corrupção 2016".
Desigualdade e corrupcão geram "um contexto propício para o surgimento de ppopulismos", assegura a TI, que faz uma avaliação de 176 países.
"Os casos de corrupção em grande escala, como os da Petrobras e Odebrecht no Brasil (...) mostram como a colusão entre empresas e políticos tira das economias nacionais milhares de milhões de dólares desviados para beneficiar alguns poucos às custas da maioria".
"Este tipo de corrupção em grande escala e sistêmica resulta em violações dos direitos humanos, freia o desenvolvimento sustentável e favorece a exclusão social", afirma o documento.
Por isso, a pontuação do Brasil (79; posição) no índice de percepção da Transparência caiu significativamente em comparação aos cinco anos anteriores, depois "da revelação de sucessivos escândalos de corrupção nos quais estão envolvidos políticos e empresários de primeira linha".
No entanto, prossegue a TI, "o país demonstrou este ano que, mediante o trabalho independente de organismos encarregados da aplicação da lei, é possível exigir que prestem contaqs pessoas que antes eram consideradas intocáveis".
[VIDEO1]
Autocratas e populistas
"Em países com líderes populistas ou autocráticos, geralmente vemos democracias que retrocedem e um padrão alarmante de ações que tendem a reprimir a socidade civil, limitar a liberdade de imprensa e fragilizar a independência do poder judicial. Invés de combater o ;capitalismo clientelista;, estes líderes no geral instalam sistemas corruptos inclusive piores", afirma José Ugaz, presidente da TI.
Segundo a TI, as pontuações da Hungria e Turquia - dois países onde estão no poder líderes autocráticos - caíram nos últimos años. Em compensação, "a pontuação da Argentina, que deixou para trás um governo populista, está começando a demonstrar melhorias " (95;), afirma o estudo.
TI observa igualmente com receio o início da administração do americano Donald Trump, que assumiu o cargo na semana passada. "Seus primeiros passos não são promissores. Quando vemos que nomeou seu gnero (Jared Kushner) como alto conselheiro da presidência, isso não é um bom sinal", opina Finn Heinrich, diretor de pesquisas da Transparência.
"Se ele (Trump) respeitar sua promessa de combater a corrupçãom creio que os Estados Unidos - no posto 16; em 2015, no 18; em 2016 - pode melhorar".
Mas, segundo os início de sua presidência, "tememos que haja um retrocesso". "Trump não precisa combater a imprensa, nomear pessoas que vão ter conflito de interesses, nem ser opaco em seus imposts", acrescenta o diretor.
Todos os anos, a TI estabelece a lista dos países em função de uma escala que vai de zero a 100, ou seja, dos mais corruptos aos mais virtuosos, segundo os dados recolhidos por 12 organismos internacionais, entre eles o Banco Mundial, o Banco de Desenvolvimento africano e o Fórum Econômico Mundial.
Como era de se esperar, os países nórdicos - Dinamarca e Nova Zelândia (empatados em primeiro lugar), Finlândia (3;), Suécia (4;), Noruega (6;) - ocupam os lugares mais altos na classificação.
Nos últimos lugares, figuram países assolados por conflitos como Somália (176; e último lugar), Sudão do Sul (175;) e Siria (173;).
Na América Latina, o pior classificado é a Venezuela (166;), México é o de número 123, e os mais bem avaliados são o Uruguai (21;) e o Chile (24;).