Rodrigo Craveiro
postado em 30/01/2017 06:01
O iraquiano-britânico Luay Al-Khateeb está com a passagem aérea comprada e o hotel em Washington reservado para os próximos dias, onde participará de uma palestra sobre os esforços dos Estados Unidos para implementar uma melhor política externa no Oriente Médio. No entanto, o morador de Londres adiou a viagem até 12 de fevereiro, ;para ver como as coisas se desenrolam;. Assim como ele, estrangeiros procedentes de sete países islâmicos ; Irã, Iraque, Síria, Sudão, Líbia, Iêmen e Somália ; não sabem se terão autorização para entrar em território norte-americano, após o presidente Donald Trump assinar polêmica ordem executiva na sexta-feira. Senadores estudavam ontem meios de derrubar o decreto, enquanto o Canadá anunciou que dará residência temporária aos barrados nos EUA. A juíza federal Ann M. Donnelly cancelou a deportação de pessoas com visto válido que foram barradas. O procurador-geral Mark Herring e colegas de 15 estados prometeram ;usar todas as ferramentas; para ;lutar contra essa ordem inconstitucional;. Desde sexta-feira, 109 viajantes tinham sido detidos em aeroportos.
[SAIBAMAIS]Apesar de protestos e da intensa repulsa internacional, o magnata defendeu a proibição. ;Nosso país precisa de fronteiras fortes e de checagem extrema, AGORA. Vejam o que está ocorrendo por toda a Europa e no mundo ; uma bagunça horrível;, publicou nas redes sociais. Ante a imensa repercussão das decisões, Trump emitiu comunicado, por volta das 20h (hora de Brasília), no qual descarta veto a muçulmanos e culpa a imprensa por distorcer suas intenções. ;A América é uma nação orgulhosa de imigrantes e continuaremos a mostrar compaixão àqueles fugindo da opressão, mas nós o faremos enquanto protegemos nossos próprios cidadãos e fronteiras;, afirma o texto.
A confusão atingiu não apenas aeroportos dos EUA, mas a Casa Branca. Reince Priebus, chefe de gabinete de Trump, disse que portadores de green card (residência permanente) não serão impedidos de retornar ao país. O governo debatia formas de exigir dos visitantes acesso à lista de contatos no celular e aos sites frequentados. Por meio de comunicado conjunto, os senadores republicanos John McCain (Arizona) e Lindsey Graham (Carolina do Sul) admitiram que o governo tem a responsabilidade de resguardar fronteiras, mas alertaram que isso deve ser feito de modo a tornar a nação segura e a defender ;tudo o que é decente;. ;Estamos preocupados com relatos de que a ordem entrou em efeito com pouca ou nenhuma consulta dos Departamentos de Estado, de Defesa, da Justiça e da Segurança Interna.; Para os congressistas, a decisão do presidente vai se tornar uma ;ferida autoinfligida; na luta ao terror. ;Nossos mais importantes aliados no combate ao Estado Islâmico são, em sua maioria, muçulmanos que rejeitam a ideologia apocalíptica do ódio. A ordem de executiva pode fazer mais para ajudar o recrutamento terrorista.;
Trump tornou a usar o Twitter para criticar a nota. ;A declaração conjunta dos ex-candidatos à Presidência John McCain e Lindsey Graham é errada ; eles são tristemente fracos sobre imigração. Os dois senadores deveriam focar as energias no Estado Islâmico, na imigração ilegal e na segurança fronteiriça, em vez de sempre buscarem começar a Terceira Guerra Mundial;, ironizou.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui