Agência France-Presse
postado em 03/02/2017 15:14
Um homem atacou uma patrulha militar com um facão e aos gritos de "Alá é grande" nesta sexta-feira perto do Museu do Louvre, em Paris, antes de ser gravemente ferido pelo disparo de um soldado, uma agressão que o primeiro-ministro francês afirmou ser de "caráter terrorista".
O suspeito teria entrado na França em 26 de janeiro, em um voo procedente de Dubai. Embora sua identidade não tenha sido formalmente determinada, em seu pedido de visto, o homem, de 29 anos, disse ter nascido no Egito.
"Visivelmente" se trata de um "ataque terrorista", declarou o premiê francês, Bernard Cazeneuve.
A Polícia francesa realizou na tarde desta sexta-feira uma batida no centro de Paris, perto da avenida Champs Elysées, informou uma fonte próxima à investigação.
O ataque aconteceu por volta das 10h00 locais (07h00 de Brasília) na entrada da turística galeria do Carrossel do Louvre, que dá acesso ao museu mais frequentado do mundo.
Um soldado ficou levemente ferido no couro cabeludo, enquanto o agressor foi ferido na barriga e está em estado grave, informou o chefe da polícia de Paris, Michel Cadot.
De acordo com Cadot, o agressor, "armado com pelo menos um facão, e talvez com uma segunda arma, correu em direção à patrulha de quatro homens", fazendo ameaças e gritando "Allah Akbar" (Deus é grande em árabe).
Ao não conseguir neutralizá-lo, um dos militares disparou cinco tiros, atingindo o estômago do agressor.
No início da tarde, o agressor passava por uma cirurgia, correndo risco de morte, segundo uma fonte próxima à investigação.
Algumas testemunhas descreveram cenas de pânico. "Ouvimos disparos (...) Saímos. Estamos nervosos, há colegas chorando", disse à AFP um homem que trabalha em um restaurante do Louvre e que pediu para não ser identificado.
"Vimos clientes correndo, e logo percebemos que algo sério estava acontecendo. Corremos e saímos do restaurante. Vi a morte chegar com tudo o que tem acontecido, realmente senti medo", relatou um colega.
As duas mochilas que o agressor carregava nas costas não continham material explosivo, segundo o chefe da polícia.
Além do agressor, uma segunda pessoa "de comportamento suspeito" foi detida, segundo Cadot, que se mostrou prudente quanto a sua participação no ataque.
"A ameaça continua, temos de enfrentá-la", afirmou.
Já o presidente Donald Trump reagiu à ocorrência com uma mensagem no Twitter.
"Um novo terrorista islâmico radical acaba de atacar no Museu do Louvre de Paris. Os turistas foram confinados. A França em tensão outra vez. VAMOS SER INTELIGENTES", tuitou.
De Malta, onde participa de uma cúpula da União Europeia, o presidente François Holllande qualificou o ataque de uma "agressão selvagem" e elogiou a coragem dos soldados.
Turistas evacuados
O ataque ocorreu no mesmo dia em que Paris lançou sua campanha para sediar os Jogos Olímpicos de 2024.
Mais de mil pessoas, inclusive 250 que estavam dentro do museu, permaneceram confinadas em um local seguro durante várias horas.
"Fizeram-nos evacuar a sala onde estávamos e nos conduziram à sala de artes oceânicas", onde centenas de pessoas permaneceram durante mais de duas horas, contou Roland, um homem de 75 anos que não quis dar seu sobrenome.
O Louvre, que permanecerá fechado até sábado, é o museu mais visitado do mundo, apesar de o número de visitantes ter caído 20% nos últimos anos, depois dos atentados.
A França está sob o regime excepcional de estado de emergência após uma onda de atentados de extremistas islâmicos, que deixou 238 mortos desde 7 de janeiro de 2015.
Em janeiro daquele ano, dois homens armados entraram na sede do semanário satírico Charlie Hebdo, em Paris, e executaram 11 pessoas, entre elas vários de seus renomados cartunistas.
Dez meses depois, um comando islamita que jurou lealdade ao grupo Estado islâmico atacou bares, restaurantes, uma casa de shows e um estádio nos arredores de Paris na noite de 13 de novembro, matando 130 pessoas.
No ano passado, um extremista tunisiano lançou o caminhão que dirigia contra uma multidão reunida em Nice (sudeste) para assistir à queima de fogos na festa nacional da Queda da Bastilha, em 14 de julho, matando 86 pessoas.
Alerta máximo
O grupo Estado Islâmico, que tem perdido terreno no Iraque e na Síria, onde proclamou um califado em 2014, ameaça regularmente a França, em retaliação à participação do país na coalizão militar internacional que combate os extremistas nos dois países.
O EI também defende ataques contra os "infiéis" sempre que possível e tenta exportar para a Europa, graças aos extremistas que retornam da Síria, com um mandato para conduzir operações em solo europeu.