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Cerco total ao Estado Islâmico em seu último reduto de Aleppo

A situação traduz uma dinâmica cada vez mais complexa no conflito sírio, onde o regime retomou a vantagem desde a intervenção militar russa na Síria, no fim de 2015

Agência France-Presse
postado em 06/02/2017 12:55
O grupo Estado Islâmico se encontra "totalmente sitiado" em Al Bab, depois que as forças do regime sírio bloquearam a estrada que conduz a este último reduto dos extremistas na província de Aleppo.

As tropas governamentais sírias, apoiadas pelas milícias do movimento islamita xiita libanês Hezbollah e pela artilharia russa, conquistaram a colina de Uwayshiyah, o que lhes permite controlar a estrada que une Al Bab com a estrada que leva a Raqa, capital de fato do Estado Islâmico na Síria.

Após dois meses de combates, Al Bab encontra-se na mira dos rebeldes sírios apoiados pelas tropas turcas, mas recentemente as forças do regime de Bashar al-Assad lançaram uma ofensiva para capturar esta cidade simbólica.
"Al Bab se encontra totalmente sitiada pelo regime pelo sul, e pelas forças turcas e rebeldes (apoiados por Ancara) pelo leste, norte e oeste", afirmou nesta segunda-feira o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Não está claro se trata-se de uma corrida entre os dois grupos pela conquista da cidade ou se existe uma entente tácita entre os padrinhos das duas forças antagonistas para expulsar os extremistas.

O país se encontra afundado em um conflito que em quase seis anos deixou mais de 310.000 mortos e milhões de deslocados.

Após profundas divergências sobre a questão síria, a Turquia começou a se aproximar cada vez mais da Rússia de Vladimir Putin, a partir do golpe de Estado frustrado contra o presidente Recep Tayyip Erdogan.

Assim, além do apoio aéreo do regime, Moscou anunciou em janeiro que havia realizado bombardeios conjuntos com a aviação turca contra os extremistas em Al Bab.

Mas o envolvimento de Ancara provocou a ira de Damasco. O regime escreveu recentemente duas cartas ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar as "violações da soberania da Síria" por parte da Turquia.

A situação traduz uma dinâmica cada vez mais complexa no conflito sírio, onde o regime retomou a vantagem desde a intervenção militar russa na Síria, no fim de 2015.


EI sob pressão

Avançando pelo sul, "as forças do regime sírio, apoiadas por combatentes do Hezbollah e por bombardeios russos, conseguiram sitiar totalmente Al Bab e seus arredores", segundo o OSDH.

Durante a noite, "conseguiram tomar o controle da única rota nas mãos do EI que unia esta cidade ao resto do território sírio".

Por sua vez, Ancara e os rebeldes uniram forças no norte, no leste e no oeste de Al Bab, embora desde janeiro tenham dificuldades para avançar diante do principal grupo extremista na Síria.

Ancara lançou no dia 24 de agosto a operação "Escudo de Eufrates" no norte deste país, dirigida ao mesmo tempo contra o EI e contra as milícias curdas das Unidades de Proteção do Povo (YPG), aliadas dos Estados Unidos na luta anti-extremista.

As tropas leais ao presidente Bashar al-Assad redobram atualmente os esforços contra o EI, em particular na província de Damasco e perto de Palmira (centro).

[SAIBAMAIS]Concretamente, no domingo as forças de Assad também seguiram combatendo o EI na província central de Homs, tomaram o controle do campo petrolífero de Hayyan, a oeste de Palmira, e lutavam contra os extremistas nos arredores do aeroporto militar de Al Seen, no nordeste da capital, segundo o OSDH.

O EI, que aproveitou o conflito sírio para estender sua influência, sofre ofensivas simultâneas nos territórios conquistados na Síria e no Iraque em 2014.

Assim, o grupo se encontra sob fogo em Raqa, sua capital de fato na Síria, em direção à qual avançam as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unios.

No sábado, as FDS anunciaram uma nova fase em sua ofensiva, afirmando que precisará de mais armas para concluir a operação.

Enquanto isso, no Iraque o EI já perdeu a parte oriental de Mossul, a segunda cidade do país, reconquistada pelas forças governamentais com o apoio de bombardeios aéreos da coalizão internacional. Bagdá se prepara para uma nova fase da ofensiva para reconquistar o oeste.

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