Mundo

Senado dos EUA confirma secretária de Educação com voto de desempate

A votação na Câmara Alta do Congresso estava empatada em 50 votos a favor e 50 contra

Agência France-Presse
postado em 07/02/2017 15:54
O Senado dos Estados Unidos confirmou nesta terça-feira (7/2) a multimilionária Betsy DeVos como nova secretária de Educação, depois de uma votação que foi desempatada pelo vice-presidente Mike Pence, permitindo o avanço da polêmica indicação.

A votação na Câmara Alta do Congresso estava empatada em 50 votos a favor e 50 contra, pois dois senadores do Partido Republicano se negaram a apoiar DeVos.

O desempate foi possível graças à intervenção do vice-presidente, Mike Pence, cujo apoio garantiu a maioria dos votos. É a primeira vez na história que um vice-presidente vota para confirmar uma nomeação, uma ação pouco comum, que a Constituição permite em caso de empate.
"O vice-presidente vota pela afirmativa e a nomeação está confirmada", afirmou Pence, ao dirimir a questão.

Os democratas e os sindicatos educacionais ficaram alarmados com o anúncio, feito pelo presidente, de que escolheria DeVos para comandar o Departamento de Educação.

O líder democrata, Chuck Schumer, foi contundente depois que a futura secretária se apresentou em 17 de janeiro em uma sessão do Senado, que estudava sua confirmação.

"É a menos qualificada de um governo historicamente pouco qualificado", afirmou.

DeVos, de 59 anos, é uma empresária bem sucedida e filantropa, que nos últimos dez anos tem defendido um sistema alternativo para desenvolver escolas privadas usando recursos públicos, embora não tenha estudado em escola pública, nem trabalhado no setor.

Em uma inédita maratona parlamentar, os senadores democratas se sucederam desde o meio-dia de segunda-feira para denunciar a "incompetência" da escolhida de Trump, tachando-a de "inimiga da educação pública", na tentativa de fazer fracassar sua nomeação.

"Não tem nenhuma experiência", lamentou o congressista Chris Coons.

Mas seus partidários apoiaram a chegada desta "outsider" como melhor opção para remodelar o deficiente sistema educacional americano, à sombra de outros países desenvolvidos.

O próprio Trump saiu nesta terça-feira em sua defesa, assegurando que "os democratas do Senado protestam para continuar mantendo o fracassado status quo".

"Betsy DeVos é uma reformista e será uma grande secretária de Educação para nossos filhos", escreveu no Twitter.

Doadora republicana

Embora não seja muito conhecida em nível nacional, DeVos forma com o marido, o bilionário Dick DeVos, um dos casais de maior influência política no estado do Michigan (norte), onde ela chegou a presidir o braço local do Partido Republicano.

Seu marido se lançou candidato a governador em 2006. Depois de seu fracasso eleitoral, o casal se tornou o primeiro doador do partido em nível estadual, apoiando economicamente muitos candidatos e impulsionando a própria reforma educacional.

Michigan é um laboratório para a criação das chamadas "charter schools", escolas privadas financiadas em parte com recursos públicos, que oferecem aos alunos uma "opção" alternativa aos centros públicos, na mira dos conservadores pela mão dos sindicatos e pela impossibilidade de demitir os professores.

DeVos fundou em 2010 a American Federation for Children (Federação Americana para as Crianças) em seu empenho por divulgar seu movimento em todo o país.

Durante sua apresentação ao Senado, em janeiro, ela se negou a se comprometer a "não privatizar as escolas públicas, nem cortar um centavo do orçamento da educação pública".

DeVos também apoia a educação em casa, uma alternativa que muitos conservadores cristãos preferem à educação laica.

"Acredito firmemente que os pais devem ter a possibilidade de escolher o melhor entorno educacional para seus filhos", afirmou na ocasião.

Nos Estados Unidos, a educação depende dos estados e das cidades, tanto para os programas quanto para a contratação de professores.

Mas o secretário de Educação tem um orçamento anual de 68 bilhões de dólares e garante a aplicação das leis federais.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação