Agência France-Presse
postado em 08/02/2017 08:51
A Anistia Internacional denunciou nesta quarta-feira que as autoridades francesas expulsam de maneira quase sistemática os migrantes que chegam ao sudeste da França provenientes da Itália, sem que sua situação seja examinada, como exige a lei.
"A maioria das pessoas controladas na fronteira não têm a possibilidade de fazer valer seus direitos, sobretudo o de solicitar asilo", afirmou a Anistia em um comunicado.
Esta situação também ocorre com os menores de idade, "que são expulsos, assim como os adultos, de maneira expeditiva e sem a possibilidade de exercer seus direitos ou inclusive de ser acompanhados" por um adulto que os represente legalmente, acrescentou o organismo.
"Existe uma lei que deve ser respeitada", disse Jean-François Dubost, coordenador de uma missão de observação da Anistia que esteve no fim de janeiro nesta zona fronteiriça entre França e Itália.
Com base em suas observações, em testemunhos de advogados e de outras ONGs, a Anistia afirma que "as autoridades interpretam de forma abusiva o termo de menor desacompanhado", ao considerar que uma criança não está sozinha "se estiver cercada de adultos".
"Isso não é aceitável", disse Jean-François Dubost. Estas pessoas "tentarão passar de outra maneira, o que significa que podem recorrer a redes, às vezes criminosas. E, em geral, as primeiras vítimas destas redes são as crianças".
Os controles nas fronteiras francesas foram restaurados após a declaração do estado de emergência na França após os atentados extremistas que atingiram o país desde janeiro de 2015.