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Lei israelense para colonos é contestada na Suprema Corte

"O Parlamento israelense não pode adotar uma lei que transgride os princípios constitucionais" afirmou Suhad Bishara, advogada da ONG que fornece assistência jurídica aos palestinos

Agência France-Presse
postado em 08/02/2017 15:09

Duas organizações de defesa dos direitos humanos entraram nesta quarta-feira com um primeiro recurso para anular a lei que permite que Israel se aproprie de centenas de hectares de terras na Cisjordânia ocupada. A apresentação deste recurso ante a Suprema Corte israelense marca o início de uma fase capital para o futuro desta lei que pune palestinos e revolta a comunidade internacional.

[SAIBAMAIS]"O Parlamento israelense não pode adotar uma lei que transgride os princípios constitucionais. Acreditamos que esta lei não é constitucional", declarou Suhad Bishara, advogada de Adalah. Esta ONG, que fornece assistência jurídica aos palestinos, recorreu junto ao Centro de Ajuda Legal e dos Direitos Humanos de Jerusalém (JLAC) à Suprema Corte.

Estas duas organizações representam 17 conselhos locais palestinos da Cisjordânia em cujas terras foram construídas colônias afetadas pela nova lei, segundo Bishara. A lei adotada na segunda-feira permite que Israel desaproprie, mediante compensação, proprietários palestinos de terras privadas situadas na Cisjordânia ocupada e na qual colonos israelenses construíram sem a autorização oficial israelense.

Além disso, o novo texto busca legalizar as chamadas colônias "selvagens", ou seja, não reconhecidas pelo direito israelense, e evitar sua demolição por decisão judicial. Os palestinos e os defensores da causa denunciaram uma lei que legaliza o roubo das terras. Pouco depois da adoção da lei, os palestinos pediram de imediato à comunidade internacional que sancione Israel.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, disse que esta lei é uma "agressão contra nosso povo". "Esta lei vai contra o direito internacional", acrescentou. A falta de reação americana contrasta com a onda de indignação, e também com as críticas à colonização que caracterizava a política da administração de Barack Obama.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, no entanto, "lamentou profundamente" sua aprovação. "Esta lei é uma contravenção da lei internacional e terá amplas consequências legais para Israel", expressou em um comunicado. Segundo seus promotores, esta lei protegerá os colonos de expulsões como as da semana passada na colônia "selvagem" de Amona.

A lei também poderia legalizar 53 colônias consideradas até agora como "selvagens" e expropriar um mínimo de 800 hectares de terras palestinas, segundo a organização Paz Agora. Grande parte da comunidade internacional considera as colônias um obstáculo para alcançar a paz no conflito israelense-palestino.

Mas muitos defensores dos colonos acreditam que estas terras pertencem a Israel desde os tempos bíblicos, independentemente do que é dito pelos juízes israelenses, os palestinos ou pela comunidade internacional. Trata-se da primeira vez que Israel aplica sua lei civil na Cisjordânia, não apenas a indivíduos como também a terras reconhecidas como palestinas, explica o professor de Direito Amichai Cohen.

O procurador-geral israelense Aviachai Mandelblit advertiu o governo de que o texto provavelmente será recusado pelo Supremo Tribunal e poderia ser seguido pelo Tribunal Penal Internacional.

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