Agência France-Presse
postado em 09/02/2017 16:38
O polêmico legislador Jeff Sessions prestou juramento nesta quinta-feira como novo secretário americano de Justiça, em um ambiente tomado por constantes e pesadas críticas do presidente Donald Trump a magistrados e ao sistema judiciário.
Sessions, um senador ultraconservador de 70 anos cuja confirmação no Senado americano provocou acalorados debates, disse que as prioridades de sua gestão serão uma resposta à criminalidade e às ameaças de ataques, e que colocará fim à "ilegalidade" entre os imigrantes.
"Precisamos de um sistema legal de migração, um que sirva aos interesses dos americanos. Isso não é equivocado, não é imoral nem indecente", afirmou o novo secretário de Justiça e Procurador-Geral.
De acordo com Sessions, "temos que acabar com a ilegalidade" entre os imigrantes, porque se trata de uma situação que "ameaça nossa segurança pública".
O novo responsável pelo sistema judiciário americano disse que os Estados Unidos "vivem um problema de criminalidade", e acrescentou que se trata de uma "tendência perigosa e permanente".
Para enfrentar a onda de criminalidade e de "ameaças terroristas", o Departamento de Justiça "mobilizará seu talento e habilidades da forma mais eficaz possível", adiantou.
No começo da cerimônia de juramento de Sessions no Salão Oval da Casa Branca, o presidente Donald Trump disse que a posse do novo secretário de Justiça representa uma "nova era" para o país.
"A cerimônia deve ser vista como uma clara mensagem aos membros de gangues e vendedores de drogas que aterrorizam gente inocente: seus dias acabaram. Uma nova era de justiça começa, e começa agora mesmo", expressou o mandatário.
Sessions foi um dos primeros aliados de Trump no início da campanha eleitoral do ano passado e no Senado defendeu uma "mão de ferro" contra os imigrantes em situação irregular, cerca de 11 milhões que vivem nos Estados Unidos.
Agora assume o comando do enorme Departamento de Justiça, com aproximadamente 113.000 funcionários, incluindo os 93 procuradores federais distribuídos por todo o país.
Ambiente de tensão
A cerimônia de juramento de Sessions aconteceu depois do áspero e desgastante debate no Senado para votar sua confirmação no cargo.
Também ocorre um um momento de relações tensas entre o poder Executivo e os organismos de justiça.
Essa tensão ficou clara na sexta-feira, depois que um juiz federal de Seattle (Washington, noroeste), James Robart, suspendeu os efeitos de um decreto presidencial que bloqueava a chegada de imigrantes e refugiados de sete países de maioria muçulmana. Trump expôs sua fúria em sua conta no Twitter.
O caso passou a um tribunal de apelações em São Francisco (Califórnia, oeste) onde foi realizada uma audiência telefônica. Trump voltou a utilizar a rede social para manifestar sua insatisfação.
Para o presidente, a audiência e as perguntas dirigidas aos advogados do Departamento de Justiça foram um ato "vergonhoso", e afirmou que os "tribunais parecem estar muito politizados".
"As cortes estão tornando nosso trabalho muito mais difícil", criticou Trump em outra mensagem.
Este cenário não demorou a ter ramificações, ao ponto que o magistrado Neil Gorsuch, designado por Trump para ocupar uma cadeira da Suprema Corte, admitiu a interlocutores que as declarações do presidente eram "desanimadoras" e "desmoralizantes".
De acordo com testemunhos que foram confirmados pela própria equipe de Gorsuch, o magistrado disse isso durante uma reunião com um senador democrata, Richard Blumenthal.
Um porta-voz de Gorsuch, Ron Bonjean, confirmou à AFP na quarta-feira o teor das declarações.
Entretanto, Trump voltou à rede Twitter para atacar Blumenthal, a quem chamou de mentiroso e acusou de "mentir sobre o que o juiz Gorsuch lhe disse".
Diante da investida presidencial, Bonjean emitiu uma nova nota na quinta-feira, alegando que Gorsuch falou em termos gerais sobre críticas ao sistema judiciário, e não no caso particular das declarações de Trump sobre Robart.