Jornal Correio Braziliense

Mundo

Políticos do Panamá são alvo de buscas por propinas da Odebrecht

Vários países da América Latina estão realizando investigações sobre supostos subornos da Odebrecht em troca de contratos públicos

O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, recebeu doações da empreiteira Odebrecht - declarou nesta quinta-feira (9) seu ex-ministro-conselheiro e fundador do escritório de advocacia Mossack Fonseca, Ramón Fonseca Mora, cujos escritórios foram atingidos pelo escândalo da empresa brasileira.

"Para mim, o presidente Varela - que caia um raio sobre a minha cabeça se eu estiver mentindo - disse que havia aceitado doações da Odebrecht, porque não podia brigar com todo mundo", disse Fonseca a jornalistas, momentos antes de entrar para depor à Procuradoria.

O fundador da empresa Mossack Fonseca foi ministro-conselheiro do governo de Varela e dirigente do Partido Panamenho (direita).

No ano passado, viu-se obrigado a pedir demissão após o escândalo do "Panamá Papers", um vazamento de documentos que revelou como advogados criaram empresas para evadir impostos em escala mundial, ou para esconder dinheiro procedente de atividades ilícitas.

A Procuradoria panamenha fez buscas nesta quinta-feira nos escritórios da Mossack Fonseca em uma operação ligada à "Lava Jato" e aos "Panamá Papers", informou a entidade judicial.

A operação Lava Jato revelou subornos de grandes construtoras a funcionários públicos na América Latina entre 2005 e 2014.

Vários países da América Latina estão realizando investigações sobre supostos subornos da Odebrecht em troca de contratos públicos.

Tribunais de uma dezena de países como México, Argentina, Peru, Panamá e Uruguai solicitaram informações aos procuradores brasileiros para investigar localmente os contratos da empreiteira.

Por mais de uma década, a empresa manteve este "esquema de corrupção em massa", pagando cerca de US$ 800 milhões em subornos a funcionários de governos em três continentes, de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Por esse caso, a Procuradoria do Peru pediu a prisão do ex-presidente Alejandro Toledo, enquanto que, na Colômbia, acusam a campanha do presidente Juan Manuel Santos de ter recebido financiamento da Odebrecht.

No Panamá, a construtora pagou, entre 2010 e 2014, mais de US$ 59 milhões em subornos em troca de contratos avaliados em mais de US$ 175 milhões, segundo a mesma fonte.

Mario Martinelli, irmão do ex-presidente Ricardo Martinelli, teve de prestar depoimento sobre o caso. Os filhos e vários ex-funcionários do ex-presidente também foram mencionados no processo.

Em sua conta do Twitter junto com seu sócio, Jürgen Mossack, Fonseca Mora disse que não têm "nada a ver com a Odebrecht, nem com a Lava Jato".