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Museu Guggenheim celebra raízes imigrantes na era Trump

Desde a eleição de Trump, no dia 8 de novembro, principalmente após a sua posse, o mundo artístico expressou seu mal estar de diferentes formas: através da moda, música, vídeo e fotografia

Agência France-Presse
postado em 13/02/2017 17:41
O museu Guggenheim, em Nova York, homenageará em sua nova exposição os colecionadores que contribuíram para a formação da identidade da instituição, em uma ocasião que visa a relembrar o papel dos imigrantes para a arte americana, em plena ascensão do protecionismo no governo Trump.

A exposição "Visionários: Criando um Guggenheim Moderno", inaugurada na sexta-feira (10/2), presta homenagem ao fundador do museu, Solomon R. Guggenheim, um dos maiores colecionadores do século XX, além de outros cinco grandes amantes da arte cujas obras ajudaram a trazer vida ao museu.

Dentre esses está a neta do fundador, Peggy Guggenheim, que fugiu do nazismo indo para os Estados Unidos, assim como o marchand de arte Justin K. Thannhauser. Dois outros colecionadores homenageados pela exposição, Karl Nierendorf e Hilla Rebay, eram imigrantes alemães.

Esses colecionadores reuniram muitas obras de artistas europeus, como relembra Philip Rylands, diretor da coleção Peggy Guggenheim que é mantida em Veneza, Itália, e da qual 23 peças fizeram viagem para participarem da exposição.

O diretor do museu, Richard Armstrong, traçou um paralelo entre o período da Segunda Guerra Mundial e a época atual.

"Não é segredo que nesses tempos, valores estão sendo desafiados, como os princípios fundamentais: tolerância e o pensamento crítico", disse durante a apresentação da exposição, em referência direta à política anti-migratória do novo governo de Donald Trump.

Alguns dos artistas expostos tiveram que enfrentar "desafios similares", recordou. Deve-se lembrar que em suas épocas, "encontraram um refúgio, um lar e a liberdade nos Estados Unidos".

Desde a eleição de Trump, no dia 8 de novembro, principalmente após a sua posse, o mundo artístico expressou seu mal estar de diferentes formas: através da moda, música, vídeo e fotografia.

Desde o começo de fevereiro, outro museu de Nova York, o Museu de Arte Moderna (MoMA), decidiu expor obras de artistas originários de vários países muçulmanos que são alvos do decreto migratório de Trump, atualmente suspenso pela justiça americana.

"Um período fértil"

Desde os anos 30, bem antes da abertura do seu museu, Solomon R. Guggenheim abriu ao público sua coleção, e os artistas europeus influenciaram à uma geração de artistas americanos.

Devido à guerra e ao nazismo, vários desses artistas europeus migraram para os Estados Unidos. Em Nova York, nos anos 40, nasceu "um meio cultural entusiasta onde os artistas europeus e americanos se encontravam", explicou à AFP Megan Fontanella, curadora da exposição.

"Foi um período fértil" para o campo das artes, que viu surgir o trabalho do pintor americano Jackson Pollock, ressaltou.

A exposição, em exibição até o dia 6 de setembro, homenageia um amplo espectro de pintores e escultores do fim do século XIX e da primeira metade do século XX, reunindo obras que vão de Pablo Picasso a Piet Mondrian, e passam por Edouard Manet, Vassily Kandinsky e Amedeo Modigliani.

Há um total de 160 peças de 70 artistas, incluindo as dos americanos John Ferren, Irene Rice Pereira e Claire Falkenstein.

A obra mais antiga é uma pintura de Camille Pissarro, de 1867. A mais recente, uma tela de Jackson Pollock, pintada em 1947.

O museu Guggenheim, criado em 1939 e instalado em seu atual prédio apenas em 1959,se beneficiou diretamente desse sopro de ar fresco vindo do exterior, segundo Fontanella.

"Tantos artistas e personalidades do meio cultural encontraram refúgio aqui, e ajudaram a tornar nossa instituição o que ela é", finalizou a curadora.

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