postado em 13/02/2017 21:28
O conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, Michael Flynn, voltou a se ver em apuros nesta segunda-feira pelas polêmicas conversas que manteve em dezembro com o embaixador russo em Washington, semanas antes de o magnata imobiliário assumir a Presidência dos Estados Unidos.
O general reformado Michael Flynn não deixou de se contradizer na hora de explicar o conteúdo de suas conversas com o diplomata Sergei Kislyak, chegando, inclusive, a prejudicar o vice-presidente Mike Pence.
Os congressistas democratas pedem que Flynn peça demissão ou seja demitido, enquanto os republicanos optou por guardar silêncio.
Trump "avalia a situação" criada por Flynn, enquanto Washington mantém sanções contra Moscou, disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
Segundo Spicer, o presidente está em contato com seu vice, Mike Pence, "sobre sua conversa com o general Fynn, e também está falando com outras pessoas sobre o que considera o tema mais importante: a segurança nacional", disse o porta-voz da Presidência.
A polêmica eclodiu em janeiro quando veio à tona que os dois tinham conversado, mas Flynn negou na ocasião ter abordado o tema das sanções.
Em 15 de janeiro, cinco dias antes da tomada de posse, Pence apareceu em vários programas de TV para defender Flynn e reiterar que não fez menção à questão das penalidades.
Mas o jornal The Washington Post primeiro e o The New York Times informaram na sexta-feira passada que os serviços de Inteligência descobriram que Flynn pediu ao embaixador russo para não reagir de forma desproporcional porque o governo Trump poderia rever as sanções quando chegasse à Casa Branca.
O general reformado assegurou não se lembrar se falou delas, mas desde então nenhum membro do entorno de Trump se pronunciou - nem mesmo o próprio presidente, tão ativo nas redes sociais.
Nesta segunda-feira, Kellyanne Conway, a influente conselheira de Trump e sua ex-chefe de campanha eleitoral, disse em uma entrevista que Flynn tem "toda a confiança" do presidente.
Enquanto isso, o conselheiro adjunto de Segurança Nacional, Sebastian Gorka, disse nesta segunda-feira à rádio pública NPR que não tem "nem ideia" do conteúdo das conversações.
"Não falo em nome do presidente. Realmente, é um assunto para o presidente", afirmou ao ser perguntado sobre o tema.
O assessor da Casa Branca Stephen Miller adotou a mesma postura no domingo, ao apontar que é Trump quem deve responder às dúvidas.
Nomeação controversa
O legislador democrata Adam Schiff, membro do Comitê de Inteligência, pediu que o conselheiro se demita ou seja demitido por estas acusações assombrosas.
"Está mentindo ao dizer que não falaram a respeito ou esqueceu", disse o senador democrata Al Franken à emissora CNN no domingo.
"Não acho que queiramos alguém em alguma dessas situações" no cargo de conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, afirmou.
A polêmica que cerca Flynn aumentou apenas dois dias antes do primeiro encontro em Washington entre o presidente americano e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, durante o qual o conselheiro de Segurança Nacional deve ter um papel importante.
Flynn foi um dos primeiros assessores de Trump em sua campanha presidencial, mas seu cargo na Casa Branca não obteve apoio unânime.
Vários setores dos serviços de Inteligência advertiram que não era o melhor indicado para o cargo. Alguns, inclusive, afirmaram que deixou a direção da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, nas siglas em inglês) por má gestão.