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Rússia: contatos entre equipes Trump e Putin são 'propaganda'

"Não creiam nas informações da imprensa, é muito difícil neste momento diferenciá-las da propaganda e das falsas notícias", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante coletiva de imprensa

Agência France-Presse
postado em 15/02/2017 10:32
A Rússia classificou nesta quarta-feira (15/2) de "propaganda" as informações do jornal The New York Times, que afirmam que a equipe de campanha do presidente americano Donald Trump manteve contatos com altos dirigentes dos serviços secretos russos antes de sua eleição.

"Não creiam nas informações da imprensa, é muito difícil neste momento diferenciá-las da propaganda e das falsas notícias", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante coletiva de imprensa.

Peskov, que insistiu que as fontes citadas pelo jornal não foram identificadas, afirmou que "talvez tenha chegado o momento de que alguém fale disso tudo com a cara descoberta".

O governo Trump viveu na terça-feira sua primeira crise ante a renuncia de seu conselheiro de Segurança Nacional, em meio às notícias sobre os contatos com agentes russos.

O general da reserva Michael Flynn renunciou na segunda-feira à noite ao cargo, após a crise provocada por suas polêmicas conversas em dezembro com o embaixador russo em Washington.

Em dezembro, quando Barack Obama ainda era presidente dos Estados Unidos, Flynn manteve uma conversa com o embaixador Sergei Kislyak, durante a qual abordaram a questão das sanções americanas contra Moscou.

Na carta de demissão, Flynn admite que "transmitiu sem querer ao vice-presidente eleito e a outros informações incompletas sobre suas conversas telefônicas" com o embaixador russo Sergei Kislyak.

Quando Flynn falou com Kislyak, o então presidente Obama preparava a aplicação de sanções contra cinco funcionários russos e tinha determinado a expulsão de 35 diplomatas de território americano.

Neste momento, Washington acusava diretamente a Rússia de ingerência nas eleições presidenciais de novembro passado.

Para agravar o quadro, fontes oficiais disseram ao jornal Washington Post que em janeiro a então secretária interina de Justiça, Sally Yates, tinha informado a Casa Branca sobre o conteúdo da conversa entre Flynn e Kislyak.

De acordo com as fontes, Yates alertou funcionários da Casa Branca que a situação deixava Flynn exposto a chantagens por parte da Inteligência russa.

Esta é a primeira baixa na equipe mais próxima de Trump, apenas quatro semanas depois da posse do republicano.

De imediato, Trump nomeou o general da reserva Joseph Kellogg para ocupar de forma interina o posto de conselheiro de Segurança Nacional, de acordo com a Casa Branca.

Kellogg é um dos três favoritos para ocupar o cargo. Os outros dois são o vice-almirante Robert Harward, ex-comandante adjunto do Comando Central americano, e general da reserva David Petraeus, ex-diretor da CIA.

Os democratas multiplicaram as pressões para que seja realizada uma investigação completa sobre o incidente para determinar a responsabilidade da Casa Branca.

Todo o escândalo que levou à queda de Flynn e à crise surgida dessa situação ocorre em um contexto no qual as relações de Washington e Moscou estão no centro da polêmica.

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