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EUA ameaçam 'moderar seu compromisso' na Otan

A condição é que os aliados não aumentarem gastos militares

Agência France-Presse
postado em 15/02/2017 13:51

O chefe do Pentágono, James Mattis, advertiu nesta quarta-feira que os Estados Unidos podem "moderar o seu compromisso" com a Otan se o restante dos países não aumentar seu gasto militar, no primeiro encontro com os aliados desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca.

[SAIBAMAIS]"Se suas nações não quiserem ver os Estados Unidos moderar o seu compromisso com esta Aliança, cada uma das capitais precisa mostrar o seu apoio à nossa defesa comum", afirmou Mattis aos seus homólogos em sua primeira intervenção na Otan como secretário de Defesa.

Mattis compareceu a Bruxelas com duas mensagens claras para os aliados preocupados com as declarações de Trump sobre a Aliança: a Otan é um "pilar fundamental" para Washington, mas a "defesa da liberdade" tem "um custo necessário".

De maneira mais direta, Mattis disse a seus contrapartes que "os americanos não podem se preocupar mais com a futura segurança de seus filhos do que vocês". Segundo ele, o montante com o qual os Estados Unidos contribuem "já não pode carregar uma participação desproporcional na defesa dos valores ocidentais".

O aumento dos gastos militares é uma exigência antiga dos Estados Unidos, que, em 2014 durante a cúpula de Gales, conseguiu que seu aliados se comprometessem a aumentar seus gastos militares para até 2% do PIB nacional antes de 2024.

Somente cinco dos 28 países da Aliança cumprem com este objetivo - Estados Unidos, Reino Unido, Grécia, Estônia e Polônia - mas outros, como a França (1,78% em 2016) e a Espanha (0,91%), exigem que levem em conta o impacto nas contas públicas de operações realizadas no exterior.

Calendário de objetivos


Prevendo a importância do debate do gasto militar, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, destacou em várias ocasiões que a diminuição do gasto militar parou e que, inclusive, aumentou em 3,8% no total entre Canadá e os europeus em 2016.

"Passo a passo estamos caminhando na direção certa, mas ainda há um longo caminho para percorrer", assegurou em coletiva de imprensa Stoltenberg, que começou a discussão sobre "como acelerar os esforços nacionais", por exemplo, fixando um eventual calendário de objetivos, como solicitado por Mattis.

O debate poderia "continuar" no final de maio, data em que está prevista uma reunião de presidentes da Otan, a primeira para Donald Trump, acrescentou o chefe da Aliança Atlântica.

Segundo fontes, os ministros da Defesa expressaram durante a primeira reunião do dia seu apoio a este compromisso, como a espanhola María Dolores de Cospedal que, em sua chegada, disse que a "Espanha tem a intenção de cumprir" os 2%, ainda que tenham que avaliar "pouco a pouco como irão aperfeiçoar".

A "segunda casa" de Mattis


James Mattis é, definitivamente, o protagonista desta reunião, apesar de não ser um desconhecido para a Otan, que considera sua "segunda casa". Este militar aposentado dos Marines foi entre 2007 e 2009 um dos seus principais chefes militares, à frente do Comando Supremo de Transformação.

Além do gasto militar, o encontro de dois dias também irá debater a luta contra o terrorismo extremista, especialmente no Oriente Médio e no norte da África, assim como dispersão de forças aliadas em países fronteiriços com a Rússia.

Os ministros têm previsto gerenciar do centro de comando de Nápoles a luta contra o terrorismo no sul do bloco, com o objetivo de "coordenar a informação sobre países em crise, como Líbia e Iraque, e ajudá-los" a lutar, afirmou Stoltenberg.

Alguns países "desejam que se reafirme seguramente o vínculo transatlântico", assegurou outra fonte diplomática falando sobre Polônia, Letônia, Estônia e Lituânia, e os que se preocupam com a Rússia desde a anexação da então península ucraniana da Crimeia em 2014.

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