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Academia de Ciências dos EUA apoia modificação genética de embriões humanos

Relatório da Academia Nacional de Ciências (NAS) causou preocupação entre alguns pesquisadores

Um influente comitê consultivo científico dos Estados Unidos anunciou nesta semana que a modificação genética de embriões humanos deveria ser permitida no futuro para eliminar doenças.

O relatório da Academia Nacional de Ciências (NAS) causou preocupação entre alguns pesquisadores, que temem que as ferramentas genéticas possam ser usadas para impulsionar a inteligência ou criar pessoas com determinadas características físicas.

"Os ensaios clínicos para a edição do genoma da linha germinal humana - acrescentando, removendo ou substituindo pares de bases de DNA em gametas ou embriões iniciais - poderiam ser permitidos no futuro", disse o relatório, divulgado na terça-feira.

"Mas apenas para condições sérias, sob estrita supervisão", acrescentou.

O surgimento de uma tecnologia de edição de genes barata e precisa, conhecida como CRISPR/Cas9, alimentou "uma explosão de novas oportunidades de pesquisa e potenciais aplicações clínicas, hereditárias e não hereditárias, para abordar uma ampla gama de problemas de saúde humana", destacou o relatório.

O comitê de especialistas internacionais foi convocado para examinar questões científicas, éticas e de governança relativas à edição do genoma humano.

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Os peritos observaram que ensaios clínicos sobre a edição de genes para certos traços não hereditários já estão em andamento.

"Essas terapias afetam apenas o paciente, não qualquer descendência, e devem continuar para tratamento e prevenção de doenças e deficiências, usando as normas éticas existentes e um quadro regulamentar para o desenvolvimento da terapia genética", disse.

O grupo disse que usar a ciência para aprimorar traços humanos, como a força física, "não deve ser permitido neste momento".

Em 2015, o Comitê Internacional de Bioética da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) pediu a suspensão da edição da linha germinal humana, devido à preocupação de que a técnica possa levar a tentativas de melhorar a qualidade genética da raça humana.

Mais de 40 países assinaram uma convenção internacional que proíbe o uso da edição genética para modificar a raça humana.

Nos Estados Unidos, os fundos federais não podem ser usados para editar DNA e células reprodutoras humanas.