Agência France-Presse
postado em 17/02/2017 16:30
O papa Francisco visitou nesta sexta-feira pela primeira vez uma universidade pública de Roma e recomendou aos estudantes que dialoguem sem computadores e com o coração, porque "o diálogo é o antídoto para a violência".
Diante de cerca de 40.000 alunos da Universidade pública Roma Tre, especializada em carreiras de humanas, o papa insistiu no valor do "diálogo", de "aprender a escutar" e de se abrir para os outros.
"Quando não há diálogo em casa, quando em vez de falar se grita ou quando estamos à mesa e, em vez de falar, usamos os telefones celulares, é o início da guerra, porque não há diálogo", afirmou Francisco no pátio externo da instituição.
"Na universidade se deve exercer o trabalho artesanal do diálogo", acrescentou.
"O maior remédio contra a violência é o coração, que, antes de discutir, dialoga", apontou. "O diálogo aproxima as pessoas e os corações".
Francisco, elogiado pelo reitor da universidade pela sua defesa dos mais pobres, foi bem recebido tanto pelos alunos como pelos professores.
"O erro é pensar que a globalização é como um balão ou uma esfera, onde não há diferenças, tudo é uniforme. A uniformidade é a destruição da unidade, porque te tira a capacidade de ser diferente", explicou, ao abordar um dos cavalos de batalha do seu pontificado.
"Por isso, gosto de dizer que há uma globalização poliédrica. Uma unidade, mas conservando as identidades próprias", afirmou.
O papa também respondeu perguntas de universitários, entre elas uma sobre o futuro das novas gerações.
"Como podemos pensar que países desenvolvidos tenham um desemprego juvenil tão forte? Há países na Europa com um desemprego juvenil de 40%; em outros, 50%, e outros quase chegam a 60%. Isto acaba com a cultura do trabalho", comentou.
"O drama atual é o de uma economia líquida que produz desemprego", disse.
A visita de Francisco, que foi aplaudido várias vezes, contrastou com a programada por Bento XVI em 2008 à Universidade La Sapienza de Roma, que teve que ser cancelada pelos protestos de estudantes e professores contra a posição da Igreja sobre a ciência.