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Contagem de votos no Equador é lenta; candidato governista lidera

Os votos recebidos por Moreno, ex-vice-presidente de Rafael Correa entre 2007 e 2013, o deixam na liderança da contagem parcial e muito próximo de ser eleito no primeiro turno

Agência France-Presse
postado em 21/02/2017 16:06
A contagem de votos de uma das eleições mais disputadas no Equador avançava lentamente nesta terça-feira, enquanto a corrida para a Presidência é liderada pelo candidato governista, Lenín Moreno.

No mais recente boletim oficial dos dados parciais com 93,8% dos votos apurados, Moreno alcançava 39,18% dos votos válidos, e o ex-banqueiro de direita Guillermo Lasso, principal líder da oposição, registrava 28,38%.

Os votos recebidos por Moreno, ex-vice-presidente do socialista Rafael Correa entre 2007 e 2013, o deixam na liderança da contagem parcial e muito próximo de ser eleito no primeiro turno.

Para não ir para o segundo turno, um candidato precisa de 40% dos votos válidos e uma diferença de, pelo menos, dez pontos sobre o segundo.

Moreno destacou que "é uma diferença bastante grande para poder consolidar uma vitória provável no primeiro turno, mas sim (...) estamos esperando de maneira paciente, de maneira pacífica, os resultados".

Para o analista político Santiago Basabe é "difícil que a tendência que está marcada até agora seja revertida no pouquíssimo que falta".

"Pode ser que a possibilidade de um segundo turno esteja aqui", acrescentou Basabe, professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

O candidato oficialista assegurou que "ganhamos tudo", se referindo ao partido Aliança País ter conseguido 76 cadeiras na Assembleia e à consulta popular apresentada por Correa, em que triunfou o "sim", para proibir os funcionários públicos de terem dinheiro em paraísos fiscais.

Com 67,8% dos votos apurados da consulta popular, o "sim" ganhava com 54,76% e o "não" tinha 45,24%. A reforma dá o prazo de um ano para que os funcionários com contas em paraísos fiscais as fechem, caso contrário correm o risco de serem destituídos.

A Assembleia Nacional é formada por 137 cadeiras, das quais atualmente o governo tem cem, o que permite, por exemplo, tramitar reformas constitucionais ou julgar um presidente ou vice-presidente.

Prazo de 10 dias

Os resultados definitivos das presidenciais estarão prontos dentro de "três dias" devido a inconsistências nas cédulas de votação, informou na segunda-feira o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Juan Pablo Pozo.

Os resultados sobre quem ocupará os cargos na Assembleia e no Parlamento andino, e sobre a consulta popular, fornecidos pelas autoridades eleitorais, irão demorar entre cinco e oito dias.

No Equador, é comum o CNE demorar vários dias para entregar os números definitivos das eleições, mas na votação de 2013, quando Correa repetiu sua vitória no primeiro turno, os resultados foram conhecidos mais rapidamente.

A lei dá um prazo de 10 dias ao CNE para apresentar os resultados das eleições, com a possibilidade de uma prorrogação.

O CNE nega que exista uma "tentativa de fraude", como afirma Lasso, que acusa o governo de Correa de controlar o organismo eleitoral.

"Demorar 3 dias para dar os resultados finais é uma tentativa de fraude, e isso não vamos permitir", escreveu o ex-banqueiro em seu Twitter.

Apoiadores de Lasso se reúnem desde domingo em frente ao CNE, no norte de Quito, em uma vigília para exigir transparência na contagem com as frases "resultados já" e "sem mais fraude".

Militares e policiais fazem a segurança do edifício do CNE, onde foram registrados alguns atritos com os manifestantes.

No domingo, após saber que não conseguiria chegar ao segundo turno, a deputada de direita Cynthia Viteri, terceiro lugar nas contagens com 16,16%, pediu abertamente o voto para Lasso e que seus partidários defendam "o segundo turno" nas ruas.

Lasso pediu pelas redes sociais que "nos mantenhamos em vigília, mas em paz".

Moreno indicou que aceita "todos os pedidos de diálogo, porque parece que o senhor candidato (Lasso) não entendeu que vamos entrar em outro novo país (...), um país sem confrontos".

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