Agência France-Presse
postado em 04/03/2017 13:12
Beirute, Líbano - Milhares de civis fogem há uma semana dos ataques aéreos e dos bombardeios do exército sírio, apoiado pela Rússia, em seu avanço ante o grupo Estado Islâmico (EI) no norte do país.
"Mais de 30 mil civis, em sua maioria mulheres e crianças, fugiram na última semana", informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que afirma que o exército retomou várias aldeias do EI no leste da província de Aleppo durante a ofensiva que prossegue neste sábado (4/3).
A maioria dos civis que foge se dirige para a região de Manbij e seus arredores, atualmente sob controle de uma aliança curdo-árabe da Forças Democráticas Sírias (FDS), aliada dos Estados Unidos. Manbij está situada na zona leste da província de Aleppo.
Em janeiro, as tropas do regime, apoiadas pela aviação russa, lançaram uma ofensiva para expulsar os extremistas do EI de Aleppo.
Desde então, retomaram 90 localidades no leste da província.
Em carros, motos, furgões ou picapes, levando alguns pertences, inúmeros civis tentam chegar a seu refúgio.
Com o rosto cansado e seguindo longas filas, os deslocados esperam para receber autorização do Conselho Militar de Manbij para entrar na cidade. As FDS verificam se nenhum extremista se infiltrou entre eles.
Combates violentos
Os integrantes do EI ocupam grande parte do sudeste da província de Aleppo.
Em janeiro, as tropas do regime de Bashar Al Assad, apoiadas pelas aviações síria e russa, lançaram uma ofensiva para expulsar totalmente os extremistas da província.
Os combates deste sábado são muito violentos, segundo o OSDH, que não proporcionou um balanço de vítimas.
O objetivo é chegar à localidade de Al Jafsa, 20 km mais ao norte, onde há uma estação de bombeamento de água que alimenta a capital provincial de Aleppo, e que o EI deixou fora de serviço há seis semanas.
No oeste de Manbij, outros protagonistas travam combates desde quarta-feira: os rebeldes sírios, apoiados por soldados turcos, enfrentam as FDS.
Os soldados turcos e seus aliados querem se apoderar de Manbij, e expulsar os curdos e aliados, antes de prosseguir para Raqa - principal reduto do EI na Síria - para participar na batalha e assegurar uma ampla zona sob sua autoridade no norte sírio.
A Turquia participa no conflito sírio para garantir a segurança de sua fronteira com a Síria e impedir que se crie ao norte deste país uma faixa controlada por combatentes curdos, que Ancara considera terroristas.
Mortos nos bombardeios
Por outro lado, 11 civis morreram e 45 ficaram feridos no centro da Síria por bombardeios realizados pela aviação russa, segundo o OSDH.
O bombardeio atingiu um mercado de gado da localidade de Uqayribat, em mãos do EI, na província de Hama.
Em outro front, na cidade antiga Palmira (centro), retomada na quinta-feira pelo exército depois de expulsar novamente dela o EI, eram realizadas operações de retirada de minas.
Os combates desde janeiro para reconquistar esta cidade milenar deixaram 115 mortos no lado das forças do regime e 283 entre os extremistas, de acordo com o OSDH.